Com o álbum "Electrified", lançado em 1998, os alemães do Pink Cream 69 obtiveram um merecido reconhecimento do público. Composições vigorosas, que mesclam a malícia e melodia do Hard Rock dos anos 80 com os riffs de guitarra tradicionais do Heavy Metal são os grandes trunfos do PC69. Com o lançamento de "Sonic Dynamite" a banda caminha a passos largos e se antes era conhecida por muitos como a ex-banda do vocalista Andy Deris (atual Helloween), hoje deve ser encarada como uma das melhores do mundo no estilo. Na entrevista a seguir, o baixista e produtor Dennis Ward confirma a boa fase e comenta sobre o atual momento vivido pelo PC69.
Com "Electrified", tanto a popularidade quanto a vendagem dos álbuns aumentou. O que você espera agora, com "Sonic Dynamite"?
Dennis Ward: Esperamos conquistar novos fãs e também conseguir manter os que já vêm nos acompanhando. Com sorte, conseguiremos realizar uma boa turnê, que trará ainda mais fãs para a banda.
Quando Andy Deris deixou a banda, eu soube que ele vinha faltando aos ensaios e o seu manager contou a vocês que ele havia entrado no Helloween. Daquele dia em diante ninguém mais falou com ele?
Dennis: Ninguém sequer falou uma palavra com ele, é verdade. Ele apenas saiu para integrar uma nova banda e não nos comunicou de nada. Estávamos compondo e ensaiando no estúdio e não o desculpo por isto. Foi uma situação bastante desconfortável. Não me importo se ele tinha em mente outros planos, ele vive para cantar e todos nós entendemos isto, mas ele deveria ter nos comunicado e tinha receio de fazê-lo. Achamos naquele momento que ele tinha ficado louco, confuso e não entendemos direito. Mas, as coisas passaram e estamos muito bem agora.
A banda fez algumas experimentações musicais nos álbuns "Change" e "Food For Thought". Sei que o Hard Rock já não é tão popular como era na década de 80, mas você concorda que o PC69 poderia ser ainda mais conhecido no mundo se tivesse mantido o mesmo estilo nestes álbuns?
Dennis: É possível que sim, mas naquele momento tentávamos fazer um som mais moderno, com algumas experimentações antes nunca usadas. O resultado final foi que conseguimos provar para nós mesmos que somos capazes de fazer também este tipo de som. Por outro lado, descobrimos que nossas raízes são mesmo no Hard Rock e por isso não devemos abandoná-las. Temos consciência de que saímos bem fazendo Hard Rock e sempre conseguimos mais respeito e admiração com este estilo.
Existe a possibilidade do PC 69 fazer uma turnê pelos Estados Unidos ao lado de bandas renomadas da cena do Hard Rock, como Aerosmith, Dokken ou Mötley Crüe, assim como a banda alemã Scorpions fez nos anos 80?
Dennis: Seria muito legal excursionar com estas bandas que estão fixadas na América e são mundialmente conhecidas. O que aconteceu com o Scorpions foi um grande trabalho, os álbuns venderam muito bem por lá, o público estava interessado em ver a banda e por isso tiveram a oportunidade de excursionar e se tornarem conhecidos nos Estados Unidos. O que acontece conosco é que nossos álbuns não estão sendo lançados no mercado norte-americano e, por isso, não há um grande interesse dos promotores e do público. Sei que temos fãs na América, mas seria uma coisa muito arriscada tentar fazer uma turnê lá neste momento. Não faria sentido.
Vocês excursionaram recentemente com a banda Axxis pela Europa. Como foi a recepção do público em relação às músicas do álbum "Sonic Dynamite"?
Dennis: Foi uma turnê fantástica, melhor do esperávamos! Para a Alemanha ter um público de cerca de 500 pessoas por noite é algo que se pode considerar bom, muito mais do que o aceitável. Em shows de maior porte, tivemos um público entre 800 e 1500 pessoas. Todos reagiram muito bem quando tocamos as músicas do "Sonic Dynamite" e posso afirmar que esta primeira turnê de divulgação do álbum foi um sucesso.
Você tem trabalhado como produtor e vem obtendo resultados muito bons, como nos álbuns das bandas Headstone Epitaph, DC Cooper, Vanden Plas, afora os de sua banda. Dentre todos os seus trabalhos como produtor, qual você classificaria como o melhor?
Dennis: É muito difícil dizer. Sempre fico muito orgulhoso dos trabalhos do Pink Cream, mas com relação ao trabalho de outra banda, acredito que tenha sido com o Vanden Plas. Realmente gostei do som e do resultado final que atingimos naquele trabalho. Mas, o que obtive mais sucesso foi o álbum solo de DC Cooper. Na realidade, gostei de todos os trabalhos que você citou, mas isto sempre fica mais fácil quando trabalho com bons músicos.
"Sonic Dynamite" apresenta o mesmo estilo de composição de "Electrified", mas é um pouco mais melódico. Isto foi proposital?
Dennis: Ora, eu achava que "Sonic Dynamite" seria considerado mais pesado! (risos). Desconsiderando os riffs tradicionais de guitarra que estão mais próximos do Heavy Metal, você tem toda razão, este é definitivamente um álbum mais melódico e próximo ao Hard Rock. Com certeza foi proposital, nós queríamos trabalhar ainda mais o lado melódico. Gostamos de um som assim e é desta forma que trabalhamos com mais confiança.
A música "The Spirit" tem um refrão que lembra muito um hit da banda norte-americana Keel, "Because The Night". Você já ouviu a versão do Keel para esta música?
Dennis: Não conheço esta que você citou do Keel, mas já nos falaram sobre o refrão de uma música da Pat Benatar. Na verdade, a faixa "The Spirit" já foi comparada a umas outras cinco músicas diferentes. Agora você acaba de me dizer a sexta...(risos). Isto não me incomoda.
Você acredita que é realmente necessário para uma banda de Hard Rock gravar ao menos uma balada num álbum?
Dennis: Não que seja necessário, mas com o Pink Cream, gravamos baladas porque gostamos. Tocá-las é um grande modo de finalizar um álbum, como se fosse uma tradição. Gosto de uma brusca mudança, de um som bem pesado para uma balada, acredito que seja assim tanto para o músico como para quem está ouvindo o álbum.
A versão brasileira do álbum traz como bônus a "Truth Hits Everybody". Esta é uma música das sessões de gravação do "Sonic Dynamite" ou uma composição mais antiga?
Dennis: A música foi tirada da mesma sessão de gravação de "Sonic Dynamite". Em outros países, como a França e o Japão, a faixa bônus é diferente da que consta na versão brasileira do CD.
Qual sua opinião sobre o show em São Paulo no "End Of Century Metal Fest"? Grande parte do público não conhecia o PC69, mas, após o show, as opiniões foram as melhores e todos comentaram sobre a performance da banda.
Dennis: O público foi fantástico e ouvimos algo sobre a boa aceitação que tivemos após o show. Espero poder voltar ao Brasil para uma turnê, pois foi realmente prazer. Passamos por algumas dificuldades até acertar o som e houve o problema do atraso, mas o público não se importou com isto e a recepção foi emocionante.
Entrevista publicada na edição #22 da revista ROADIE CREW (julho de 2000)
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