O trio inglês de Newcastle Venom foi formado em 1979 por Conrad "Cronos" (baixo e vocal), Jeff "Mantas" (guitarra) e Tony "Abaddon" (bateria). O impacto do som apresentado por eles no primeiro EP foi fulminante, já que distanciava-se dos padrões da época. O som foi descrito como Black Metal, unindo agressividade, peso e velocidade, com letras de temática satânica. Os primeiros trabalhos, "Welcome To Hell" (1981) e "Black Metal" (1982) foram suficientes para que o trio alcançasse uma posição de destaque na Europa. Estes dois trabalhos são cultuados até hoje e são venerados pelas bandas mais extremas. O trabalho seguinte foi o EP "Acid Queen" (1983), que culminou com a primeira turnê pelos Estados Unidos. No ano seguinte fizeram uma pequena excursão pela Europa, batizada de "Seven Dates Of Hell" e na mesma época lançaram o álbum conceitual "At War With Satan". Mantendo a seqüência em seus lançamentos, soltaram mais um EP, "Manitou" (1985), e outro álbum, "Possessed". Quando partiriam para mais uma turnê norte-americana, "World Possession Tour", Mantas ficou impedido de viajar e foi substituído por Les Cheetham (ex-Avenger) e Dave Irwin (Fist). Em 1985, Mantas saiu em definitivo do Venom e para seu lugar entraram Mike H. e Jimi C., line-up que passou pelo Brasil em 1986, ao lado do canadense Exciter. Depois, a banda continuou lançando álbuns, mas não conseguiu se manter no topo e a decadência parecia natural. Isto até o ano 2000, quando o mundo foi surpreendido com o grande lançamento de "Resurrection", um álbum que novamente coloca o Venom em posição de destaque. O líder Cronos concorda e conta os detalhes na entrevista a seguir...
O mais recente álbum, "Resurrection", mostra um Venom muito forte, vigoroso, especialmente as linhas vocais. Qual sua opinião sobre o resultado final deste trabalho, já que a parte instrumental está mais técnica? O produtor Charlie Bauerfeind tem parte nisto?
Cronos: Saudações amigo, fico contente que você gostou do álbum novo, eu me esforcei ao máximo nos ensaios por quase um ano antes de entrar no estúdio para gravar este trabalho, aí sim a tensão imperou! Charlie também teve muito trabalho para tirar os sons crus dos instrumentos, uma marca do som do Venom.
Venom é uma tradicional banda dos anos 80 e a maioria dos fãs falam que os primeiros álbuns ("Welcome To Hell" e "Black Metal") são os melhores. Como você acredita que "Resurrection" poderá trazer novos fãs e manter os antigos?
Cronos: Os fãs mais antigos vêm nos dizendo que gostaram muito de "Resurrection". É o Venom com uma extremidade mais afiada, um som bem pesado, cheio, volumoso, com algo de Hardcore, um álbum completo. Temos recebido muitos e-mails de novos fãs pelo site (www.welcome.to/venomslegions) e eles realmente estão curtindo o novo álbum.
O novo baterista, Anthon, deu mais vigor ao som. Abaddon saiu da banda por estar mais ligado ao som alternativo?
Cronos: Você respondeu sua própria questão! É isto mesmo!
Muitos músicos que atualmente tocam Death e Black Metal sempre mencionam o Venom como grande influência. Como você se sente sobre isto?
Cronos: Considerando que o Metal em geral estava agonizando no final dos anos 70, o Venom incorporou as idéias do Punk Rock e o Heavy Metal, criando ou produzindo uma nova sonoridade e atitude: o Black Metal. Este é o tipo de Metal que queremos ouvir. Então, é muito gratificante saber que existem outras bandas que fazem o Metal extremo. Isto é demais!
Vários problemas com produtores e promotores tumultuaram a turnê brasileira do Venom. Naquela época o Brasil não era rota obrigatória para as turnês das bandas de Metal, mas o Venom e o Exciter ajudaram a colocar nosso país no mapa. O que você lembra que aconteceu de melhor naquela passagem?
Cronos: O entusiasmo do público foi brilhante! Além de uma grande platéia, pudemos sentir que tínhamos uma legião de fãs no Brasil, mas, você está certo, existiram pequenos problemas que tivemos que passar por cima, pois tínhamos que fazer a turnê de qualquer jeito. O nosso objetivo era muito maior do que as dificuldades que tivemos que passar. Queríamos ver se nossa música poderia atingir o Brasil e vocês responderam que sim!
Existe alguma possibilidade de vocês retornarem para o Brasil na turnê de "Resurrection"?
Cronos: Nossa pequena turnê européia aconteceu em outubro e em novembro passamos pelos Estados Unidos, mas ainda não temos planos de fazer uma turnê pela América do Sul. Mas, os fãs devem dar sempre uma checada no nosso site, quem sabe terão uma agradável surpresa?...
O Venom tem uma extensa discografia, com álbuns, EPs e singles, mas você pode mencionar algum trabalho em especial que julga o melhor?
Cronos: A cada álbum, vídeo e show temos um novo desafio, mas precisaríamos escrever nossa biografia completa para poder lhe responder isto. Os nossos melhores momentos foram e são aqueles em que tudo se sai bem e os piores momentos são aqueles em que acontecem coisas que não estão em nossos planos.
Como você analisaria a cena inglesa para o Heavy Metal atualmente?
Cronos: Os melhores dias já foram, mas a cena do Reino Unido está melhorando. Sei que o Metal aqui nunca será o mesmo, muitas coisas estranhas aconteceram dos anos 80 para cá. A música sempre está mudando, mas mesmo assim devo culpar a imprensa inglesa especializada em Rock pela decadência do Metal em meu país.
No início de sua carreira sei que você se interessava muito em ouvir novas bandas de Metal. Atualmente você tem o mesmo interesse?
Cronos: Sempre procuro saber o que está acontecendo, gosto de Metal e não vou mudar. Gostaria de recomendar um CD bem estranho (N.R.: obviamente brincando), que é o novo do Pantera. É quase tão pesado quanto o "Resurrection" (risos).
Entrevista publicada na edição #25 da revista ROADIE CREW (dezembro de 2000)
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