sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Arquivo Entrevista: BILL LEVERTY (Firehouse)

Formada em meados de 1987, a norte-americana Firehouse conquistou uma legião de fãs pelo mundo com seu Hard Rock vigoroso e melódico. O primeiro álbum, "Firehouse", saiu em 1990 e as faixas "Don't Treat Me Bad" e "Love Of A Lifetime" logo colocaram a banda nas paradas de sucesso dos EUA, fazendo com que conquistasse a platina dupla na América e discos de ouro no Canadá e Japão. No ano seguinte, recebeu o "American Music Awards" e a popularidade aumentou ainda mais com o álbum "Hold Your Fire", impulsionado pelos hits "Reach For The Sky" e "When I Look Into Your Eyes". Em 1995, veio o álbum "3" e a balada "I Live My Life For You" manteve o FireHouse em primeiro plano na cena, inclusive no Brasil, onde foi tema de novela. Na seqüência saíram "Good Acoustics", "Category 5" e o ao vivo "Bring ‘Em Out Live", gravado em Osaka (JAP), em 1999. Recentemente foi lançado "02" (Spitfire Records), trazendo um novo line-up, com o baixista Bruce Wibel, que substitui a Perry Richardson, o vocalista CJ Snare, o baterista Michael Foster e o entrevistado, o guitarrista Bill Leverty.

Conte-nos um pouco mais a respeito do novo álbum, "O2".
Bill Leverty: "O2" foi gravado de uma forma mais direta, quase ao vivo. Tentamos manter uma vibração espontânea e nossa sonoridade original, que é o Hard Rock melódico. Há apenas uma música com guitarra acústica e por isso nossos fãs irão gostar da energia contida neste álbum.

"Don’t Treat Me Bad", "All She Wrote", "Reach For The Sky", "Overnight Sensation" são alguns clássicos da banda. Quais músicas do novo álbum você acredita que possam obter o mesmo impacto?
Bill: Acredito que "Jumpin’", "Take It Off", "I’m In Love This Time", "I’d Rather Be Makin’ Love", "The Dark" e "Call Of The Night" poderão agradar muito os fãs e possivelmente se tornarão músicas memoráveis. Nós realmente voltamos às nossas raízes originais neste novo álbum.

O novo baixista, Bruce Wibel, tocava em qual banda antes de entrar no Firehouse?
Bill: Bruce foi baixista de Greg Allman nos álbuns "Let The Bullets Fly" e "I'm No Angel". Ele realmente somou muito para nosso som com sua técnica fenomenal e também por sua grande habilidade para cantar.

Vocês vieram ao Brasil em 1995 para promover o álbum "3". Você sabia que a balada "I Live My Life For You" foi tema de novela e fez muito sucesso aqui?
Bill: Fomos ao Brasil apenas para uma promo tour e naquela época tínhamos mesmo a intenção de voltar aí para fazer uma turnê, mas não houve acerto com os promotores de shows. Nós estávamos esperando uma oferta legítima para assinar o contrato, mas isto nunca de fato aconteceu. Mesmo assim, ainda temos esperança de poder tocar no Brasil, pois passamos bons momentos visitando o Rio e São Paulo. Com respeito à música "I Live My Life For You", na época ficamos sabendo que ela seria incluída numa novela para a TV e nos sentimos honrados com isso, pois sei que as novelas brasileiras fazem muito sucesso, inclusive em outras partes do mundo.

Em 1991 o Firehouse superou o Nirvana e o Alice In Chains, ícones da "onde Grunge" e conquistou o American Music Award como melhor banda nova de Hard Rock/Heavy Metal. Você acredita que aquele tenha sido o último bom momento para o Hard americano?
Bill: Aquela noite foi definitivamente o ponto mais alto de nossa carreira! Estávamos fazendo muito sucesso nas rádios e na televisão e ficamos pasmos com a enorme quantidade de fãs que tínhamos conquistado. Nunca havíamos pensado em atingir um nível tão alto. Não acho que a conquista do 'American Music Award' tenha sido o último bom momento para nosso estilo musical. Acredito que a música está sempre mudando mas, queriam ou não, um bom vocal, bons músicos e boa música nunca será deixada de lado.

Você concorda que a maioria das bandas de Hard Rock voltaram à ativa lançando álbuns ao vivo, inclusive vocês, com "Bring 'Em Out Live". Vocês lançaram-no para testar a popularidade da banda hoje em dia, principalmente no mercado americano?
Bill: Na verdade não foi um teste. Estávamos esperando lançar um álbum ao vivo há muito tempo, mas ainda não tínhamos tido a oportunidade. Finalmente, nossa gravadora no Japão, a Pony Canyon, sugeriu que gravássemos um de nossos shows na turnê japonesa. Estou muito contente com o resultado do álbum, um trabalho que mostra que também somos uma grande banda ao vivo. Ele foi nosso primeiro lançamento pela Spitfire, nossa nova gravadora.

Como você analisaria a cena americana para o Hard e o Heavy Metal atualmente? O mercado está realmente bom ou apenas está acontecendo um ressurgimento tímido e sem impacto?
Bill: Penso que está melhorando muito atualmente, mas não tão rápido como gostaria que fosse. Nós estamos tendo muito mais sucesso nas rádios como nosso material, mas o Hardcore está dominando as estações de Rock e o Rap dominando as rádios mais Pop. Se você for analisar friamente, as coisas estão menores para todos os lados, mas mesmo assim acredito que vai mudar para melhor.

Entendo o que você quer dizer. As modas são uma tradição do mercado americano.
Bill: Nós sempre iremos nos manter fiéis a nosso estilo. Tenho convicção de que se tentássemos atingir estas modas e tivéssemos mudado nosso estilo, os fãs sentiriam que aquilo não viria do coração. Por isso estamos tentando fazer o melhor para sermos ainda uma banda de Hard Rock que toca com melodia. Tenho esperança que as pessoas possam ouvir nossa música e terem vontade de colocá-la em seus 'estéreos'!

Fiz uma entrevista há algum tempo com Kip Winger e, mais recentemente, com Don Dokken e eles declararam que a MTV tem parte na decadência do Hard Rock. Você concorda com eles?
Bill: A MTV tem total responsabilidade na divulgação destas novas tendências. Acredito que as gravadoras são mais influentes que a MTV porque são elas que alimentam-na e então a MTV alimenta o público. Penso que o sucesso da excursão do Poison, do Ratt, do Kiss, e muitos outros são a prova de que a audiência ainda está sedenta para ouvir um bom Hard Rock. Ninguém está interessado no visual Glam, estamos falando apenas sobre música. O próximo passo será receber o apoio das gravadoras, selos e promotores, pois assim poderemos voltar a tocar nas rádios e vender muito mais. Esta vibração positiva e as vendas trarão a mágica de volta.

É verdade que Jon Bon Jovi disse que se vocês colocassem a balada "Love Of A Lifetime" no primeiro álbum, aquilo iria arruinar a carreira da banda? Como você sabe, até que ele é pé quente, lembra do que fez pelo Cinderella?
Bill: E como! Mas ele realmente nos disse que aquela música iria arruinar nossa carreira. Na realidade, ele ouviu a Demo-Tape e a música estava muito leve, sem guitarras e com CJ cantando e tocando um teclado Fender Rhodes. Entendo perfeitamente o porquê ele nos disse aquilo, já que o som estava suave e Jon queria que soássemos sempre como uma banda de Rock.

Vocês tocaram ao lado de bandas como Poison, Tesla, Enuff Znuff, Slaughter, Warrant, Trixter, Night Ranger, Bon Jovi, Quiet Riot, Badlands, Lynch Mob, entre outras. Dentre estas, qual foi a melhor e mais prazerosa turnê?
Bill: Com certeza, a com o Tesla. São os caras mais legais para se fazer uma excursão e nos deram total estrutura para nossos shows. A turnê durou 9 meses e em todos os lugares os shows foram 'sold-out'.

Quais são suas influências como guitarrista?
Bill: Esta é fácil, gosto de muitos guitarristas, entre eles Eddie Van Halen, Allan Holdsworth, Ted Nugent, Randy Rhoads, George Lynch, Steve Lukather, Carlos Santana, Neal Schon e o meu favorito de todos os tempos, Jeff Beck.

Entrevista publicada na edição #24 da revista ROADIE CREW (novembro de 2000)

Nenhum comentário:

Postar um comentário