A sueca Opeth vem se consolidando no cenário como uma banda única e original, mesclando a sonoridade extrema com momentos mais viajantes, extraídos do Rock Progressivo. O guitarrista/vocalista Mikael Åkerfeldt credita esta versatilidade ao gosto musical variado e a captação das influências pessoais de todos os integrantes. Após os álbuns "Orchid" (1995), "Morningrise (1996), "My Arms-Your Rose" (1998) e "Still Life" (1999), a banda acaba de lançar "Blackwater Park" (nome tirado de uma antiga banda de Rock Psicodélico dos anos 70), um trabalho que pode consolidar o Opeth na cena mundial. Mikael conta os detalhes.
Você acredita que com o novo álbum, "Blackwater Park", o Opeth poderá conquistar mais fãs pelo mundo?
Mikael Åkerfeldt: É difícil fazer uma constatação prévia do que poderá acontecer, prefiro crer que este álbum é apenas mais um capítulo na história do Opeth. Nos concentramos sempre na qualidade de nossa música e iremos nos manter assim enquanto a banda existir. Nenhuma banda conseguirá ser realmente grande se não tiver um auxílio de uma grande gravadora. Por outro lado, tudo que faz sucesso hoje em dia no cenário musical é uma merda, são bandas grandes somente porque as gravadoras estão por trás.
Desde o primeiro álbum, "Orchid", mesmo a banda fazendo um som bem extremo as partes melódicas não são deixadas de lado. Você credita isto ao seu início de carreira, quando costumava ouvir Iron Maiden?
Mikael: Talvez, era uma grande influência minha no começo e foi por causa deles que fiquei com vontade de tocar e pertencer a uma banda. Acredito que nosso primeiro álbum seja uma combinação de todos os estilos de música que ouvimos e o Iron Maiden era uma delas.
O tempo de duração das músicas desde o primeiro álbum é bem longo, algo em torno de 8 minutos. Existe alguma razão especial para que isto ocorra?
Mikael: É uma questão de gosto pessoal, todos nós preferimos músicas longas porque podemos ampliar mais nosso campo criativo. Se tocássemos um som mais curto e direto seria impossível.
Afora o novo álbum, qual obteve maior reconhecimento do público e da mídia, e qual você prefere?
Mikael: Gosto do álbum mais recente, porque é o novo, mas o "Still Life" abriu muitas portas para nós. Na verdade, todos são especiais para mim, é difícil responder. Cada álbum tem sua importância, foi uma seqüência natural que tivemos que fazer e sem isso não acredito que poderíamos ter lançado o "Blackwater Park".
Os primeiros álbuns foram gravados com o produtor Dan Swano (Edge Of Insanity), depois o "My Arms Your Rose" com Fredrik (In Flames) e o novo com Steve Wilson (Porcupine Tree). Estas mudanças na produção refletiram na sonoridade da banda?
Mikael: Não de forma efetiva. Dan nos ensinou muitas coisas quando trabalhou conosco nos dois primeiros álbuns e por isso preferimos fazer o terceiro por conta própria, no Fredman Studios com o auxílio de Fredrik, que tem muito bom gosto na escolha dos timbres, além de ser um grande produtor. Para o novo álbum não queríamos um produtor que fosse especializado somente em Metal e quando o nome de Steve Wilson surgiu achamos que seria uma boa, porque ele tem muito conhecimento na área do Rock Progressivo e nossa intenção era que o produtor conseguisse elevar nossas qualidades e torná-las ainda mais fortes e evidentes.
Sua primeira banda foi o Eruption. Havia alguma pretensão em gravar ou você tocava apenas por diversão?
Mikael: Sim, eu e Anders formamos o Eruption por volta de 1987. Basicamente era apenas por diversão, pois na verdade nem sabíamos como funcionava o mercado, mas, por outro lado, queríamos gravar, mostrar nosso trabalho, queríamos ser alguém através de nossa música.
Como Anders, seu amigo e fundador do Eruption e do Opeth, decidiu vir morar no Brasil? Ele ainda mora aqui?!
Mikael: Ele não mora mais no Brasil, agora está na Suécia. Mas, ele está trabalhando na Erikson e está tentando viabilizar algum tipo de trabalho com esta empresa no Brasil. Na verdade, está louco para ser transferido para ai. (risos)
Com o fim do Eruption, David Isberg convidou você para entrar no Opeth?
Mikael: Conheci David na época do Eruption, mas foi por causa do Skate, éramos fanáticos! Depois começamos a conversar sobre música e ele me emprestou uma Demo do Mefisto. Fiquei louco, o som era bem melhor do que muitos discos de Death Metal que eu havia comprado! Esta banda, ao lado do Morbid Angel, Death, Bathory e Voivod se tornou uma de minhas maiores influências. Ele me convidou para entrar no Opeth inicialmente para substituir o baixista, mas depois ficamos somente os dois.
Por que David saiu da banda? Vocês chegaram a gravar algo juntos?
Mikael: Ele era o vocalista original do Opeth, mas a razão principal foi que ele mesmo estava querendo ir tocar em outra banda, chamada Liers In Wait. Como eu já havia sido vocalista no Eruption, não o substituímos por outra pessoa. Não chegamos a gravar nenhum tipo de material, somente fizemos algumas composições e alguns shows.
Existe alguma razão especial na escolha da música "Circle Of The Tyrants" para o álbum tributo ao Celtic Frost?
Mikael: Fomos a última banda a ser convidada a participar deste tributo e quando vimos que ninguém tinha escolhido esta música, pensamos que um trabalho que retratasse a carreira do Celtic Frost não seria completo se não tivesse "Circle Of The Tyrants".
Você concorda que a união de partes extremas a melodias mais próximas ao Progressivo, colocam o Opeth como uma banda única?
Mikael: Concordo que somos uma banda diferente, mas fica difícil explicar o quão diferente somos. Sempre tentamos fazer algo diferente e temos influências distintas da maioria das outras bandas mais extremas e isto de alguma forma torna o nosso som mais original.
Entrevista publicada na edição #29 da revista ROADIE CREW (maio de 2001)
Nenhum comentário:
Postar um comentário