Após o lançamento de seu segundo trabalho solo, o experiente vocalista Mark Boals (ex-Savoy Brown, Ted Nugent, Yngwie Malmsteen) formou a banda Ring Of Fire, com um ‘line-up’ de primeira. Trabalhando ao lado de George Bellas (guitarra), Virgil Donati (bateria, ex-G3 e Planet X), Vitalij Kuprij (teclado) e Philip Bynoe (baixo, ex-G3 e Steve Vai), Mark conseguiu criar em The Oracle (Hellion Records) uma sonoridade na linha do Power Metal Melódico mesclado ao AOR e ao Hard Rock, revivendo os bons tempos de sua fase na banda de Yngwie Malmsteen, com quem gravou o clássico Trilogy (1986) e também os medianos Alchemy (1999) e War To End All Wars (2000). Na entrevista a seguir, o vocalista nos conta passagens de sua carreira e também como conseguiu formar este supertime chamado Ring Of Fire!
Por que você deixou o Yngwie Malmsteen’s Rising Force na turnê do álbum War To End All Wars?
Mark Boals: Eu saí da banda antes da turnê começar. Na verdade eu já estava com a intenção de montar o Ring Of Fire e também estruturar minha carreira solo. Existe uma pequena confusão porque, depois, eu ainda ajudei Malmsteen em shows pela Europa e Japão quando o meu substituto, Jorn Lande (por sinal, um excelente vocalista), deixou a banda no meio da turnê e existiam possibilidades de cancelarem todas as datas seguintes. Eu não podia mais continuar a turnê após os shows no Japão e então veio o Doug White (ex-Rainbow) para a banda e ele deve estar com Yngwie até hoje. O motivo de minha saída foi a minha vontade de montar o Ring Of Fire e minha carreira solo, nada mais.
Como está sendo a experiência de ter uma banda como o Ring Of Fire?
Mark: Está sendo muito legal e a banda foi tão bem recebida que realmente chega a empolgar. Estou agora conversando com os músicos envolvidos para fazermos do Ring Of Fire uma banda mesmo. Quero gravar o próximo álbum com essa mesma formação!
Como você conseguiu montar a banda com músicos como George Bellas, Virgil Donati, Vitalji Kuprij e Philip Bynoe?
Mark: Eu fiquei pensando em alguns músicos que seriam legais para tocar comigo. Liguei para eles, um por um, e então foi muito legal saber que eles estavam também muito a fim de gravar um álbum comigo. Nós estamos muito felizes em estarmos tocando juntos, parece um sonho tê-los comigo. Todos são músicos de alto gabarito.
Parece que o guitarrista que iria fazer parte da banda mesmo era Tony MacAlpine e não George Bellas. O que aconteceu?
Mark: Tony era a primeira opção, mas bem na época que começamos a gravar ele não pôde estar presente por causa de seus outros compromissos. Quando fomos para a turnê no Japão em fevereiro passado, George Bellas não conseguir ver sua documentação a tempo e Tony acabou indo conosco para esses shows. Foi muito divertido e avisamos que ele teria que entrar para a banda definitivamente e que gravaria o próximo álbum também. Ele aceitou e agora faz parte do Ring Of Fire!
Você tem uma popularidade enorme no Japão. A música Samurai é uma homenagem aos fãs japoneses?
Mark: Eu realmente respeito os japoneses e também todas as pessoas, não importa em qual lugar do planeta eu esteja. A música Samurai apenas veio em minha mente e eu não estava planejando nenhuma homenagem para eles. Todo o período dos Samurais no Japão foi bem falado e ficou famoso com momentos bons e ruins, mas é bem trágico na maior parte. Por isso a música é meio triste, para baixo.
Além do Japão, quais outros paises você tem conseguido ser destaque?
Mark: Eu não voltei para o Brasil recentemente, mas na última vez que estive por aí tive uma recepção fantástica. Eu adoro o país, o povo é muito amistoso e espero definitivamente tocar com o Ring Of Fire no Brasil. Seria demais! Na Itália, Espanha, Suécia, Holanda, Alemanha e Inglaterra as coisas andam muito bem para mim também.
Como foi recebido seu primeiro álbum solo em 1998, Ignition?
Mark: Aquele álbum não foi bem, talvez até pelo fato de eu ter gravado algo bem diferente, mas até que escutei e li ainda alguns bons comentários. Às vezes queremos fazer algo diferente e não dá certo.
No começo de sua carreira você estudou saxofone, clarinete e baixo. Como você descobriu ter talento para cantar?
Mark: Quando eu ainda tinha cinco anos de idade cantei em uma igreja, num coral. Desde então percebi que era isso mesmo que eu queria, ser um vocalista.
Como foi tocar na banda Savoy Brown e também com o guitarrista Ted Nugent antes de você entrar na banda de Yngwie Malmsteen em 1985?
Mark: Ambas foram experiências importantes em minha vida, principalmente tocar com Ted Nugent, pois fizemos uma turnê enorme com o Judas Priest, tocando em estádios. Foi memorável. E Ted Nugent é realmente um louco. Ele não faz tipo, ele é louco mesmo, na vida normal ou como músico (risos).
Quais foram os melhores e piores momentos com Yngwie Malmsteen? Por que você deixou a banda depois do lançamento de Trilogy?
Mark: Provavelmente meu pior momento com Malmsteen foi na turnê do álbum Trilogy, quando Malmsteen saía do palco sem explicações e me deixava lá sem saber o que fazer e o que falar e ainda se recusava a voltar. Isso aconteceu muitas vezes. Eu imagino que ele não estava pronto para a fama. Agora ele está diferente, um pouco melhor. Mas esse fato dele sair do palco e algumas outras divergências me tiraram da banda naquela época. O momento melhor com Malmsteen foi meu primeiro show, no Estádio Oakland para 65 mil pessoas. Tudo foi filmado pela MTV e eu bem que gostaria muito de ter uma cópia desse show. O primeiro álbum que fiz também foi o Trilogy e ele passou a ser especial para mim. Num show em Tóquio eu fiz um solo sozinho e os fãs começaram a chorar, esse foi outro fato que me marcou muito.
Naquela época Jeff Scott Soto entrou em seu lugar e ele esteve recentemente no Brasil fazendo shows.
Mark: Jeff é uma pessoa sensacional e canta muito.
Você poderia nos falar algo sobre a Ópera Rock chamada Genius?
Mark: Eu ainda não escutei tudo, mas cantei em cinco músicas e é um Rock Progressivo muito legal.
Quais as melhores lembranças do Brasil?
Mark: Encontrei tantas pessoas legais! Nos shows os fãs vão à loucura e a comida também é algo inacreditável de bom. Eu curto muito estar no Brasil e conto os dias para voltar. Mantenham a veia Metal e bebam muita cachaça por mim (risos).
Entrevista publicada na edição #41 da revista ROADIE CREW (junho de 2002)
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