segunda-feira, 25 de agosto de 2008

BRAZILIAN ASSAULT 1986: VENOM NO BRASIL!

Apesar de considerar meu maior trunfo a memória, confesso que não tenho a mínima ideia de como consegui pegar o carro da minha família para ir ao show do Venom e Exciter, realizado a 10 de dezembro de 1986 no ginásio Poliesportivo do S.C. Corinthians Paulista, em São Paulo (SP). Não lembro se pedi com educação ou se tive que brigar e ir na marra. O detalhe importante não é que meus pais aeram autoritários ou chatos, mas porque tinha dezessete anos.

Graças aos amigos de infância, os irmãos Raul e Mauricio Fernandes, já dirigia havia um tempo, pois “treinávamos” a direção (moto e carro) na fazenda deles, que ficava entre Alumínio e Votorantim, interior de São Paulo. Portanto, sabia dirigir, mas não tinha habilitação. E ainda por cima não podia contar aos meus pais que não dava para ir de metrô/ônibus porque o carro serviria como “lotação” de vários amigos meus e do meu irmão que eram fãs de Metal.

Minha mãe tentava argumentar sempre, mas quando o assunto era Heavy Metal ela sabia que não havia jeito. Meu falecido pai era liberal, mas vários de seus conselhos e ensinamentos versavam sobre os perigos do trânsito. Ele costumava dizer coisas como “O carro na mão de um imbecil se torna uma arma letal, mais eficiente que um revólver”; “O problema não é você, são os outros”… Bem, tempos depois, eu infelizmente descobri isso na pele.

Enfim, consegui(mos). E lá fomos nós, aquela pequena “Venom’s Legions” para a Zona Leste conferir o primeiro evento de bandas underground realizado no Brasil. O Venom era febre por aqui. A velha geração dos roqueiros fãs de Rainbow não entendia como uma enorme massa de pessoas conseguia gostar daquele som sujo, agressivo, blasfemo e satânico. Mas o que importa é que o Venom tinha seus fanáticos seguidores. Eu e alguns amigos do Colégio Objetivo da Luis Góes - Mauricio “Gavião” Gawendo, Cláudio Fortuna, Dino Dragone - fazíamos parte da “Venom’s Legions” e tínhamos álbuns, EPs, vídeos piratas, patches, camisetas, pins (buttons)… O Dino, que hoje é um respeitado diretor de videoclipes, até tinha o bode do “Black Metal” tatuado no braço. Até mesmo quem não gostava muito da banda inglesa ficava fascinado com as capas e toda aquela aura misteriosa e obscura que girava em torno de Cronos, Mantas e Abaddon.

Na semana que antecedeu o show houve a festa de lançamento do LP “At War With Satan”, organizada pela gravadora Continental. O evento foi na extinta casa noturna Woodstock, no bairro dos Jardins. Apesar de querer muito eu não fazia parte de nenhum veículo de mídia, mas através das amizades que havia feito por causa das filmagens de shows de bandas nacionais acabei conseguindo ir. E até levei outros amigos, dois que me fizeram (forçaram) começar a tocar bateria e montar a primeira banda, Cizânia.

Na cola veio Adalton Ribeiro, que nunca foi chegado em sons mais extremos e brutais, mas estava conosco em todas, tanto nas boas como nas roubadas. Dr. Adaltão - o “agitão” - não perdia uma e tinha que estar lá. O outro que esteve na festa da Continental foi Marcelo Fanin, então fanático pelo Slayer - acho até que ele tem culpa ou foi o pioneiro em gritar (urrar, berrar) “Slayeerrrr!!!!” em shows. Fanin acompanhava o Gavião e eu nas filmagens dos shows de bandas nacionais no Teatro Mambembe. Sempre que havia uma pausa naqueles shows ele gritava com uma voz mais potente que a do Max “Possessed” Cavalera. Certa vez um músico de uma banda que filmei (seria o Corpse?) veio me falar no camarim: “Pô, tinha um cara berrando mais alto que o som do palco!”. Tal cara era aquele baixinho parecido com o Jeff Hanneman, o Fanin.

A festa não foi lá essas coisas e ainda tivemos que sair antes da meia noite para poder pegar o metrô de volta. Fanin e Adalton também foram ao show, mas com outra turma. A que estava comigo naquela tarde de quarta-feira, 10 de dezembro de 1986, passou o trajeto todo falando das possibilidades do set list, de como aquilo era importante para nossas vidas. Afinal, enfim estavam olhando para o Brasil como rota de shows underground. O carro, apelidado de “Parati Slayer”, estava abarrotado. Eu, meu irmão Frederico “Leke”, meu primo João Cláudio e alguns amigos do Ipê Clube, entre eles, Marcelo Garcia, Yuri Barros e Alex Perri, e até o Alcides Júnior do Guarujá. Bem, tinha gente até no porta-malas do carro!

No caminho, a única preocupação era chegar ao Parque São Jorge. Nem estava pensando que não tinha habilitação, na Companhia de Engenharia de Tráfego, em comando da Polícia, nos amortecedores do carro que estavam ruins, na Argentina que tinha vencido a Copa do Mundo no México ou no Norman Bates em “Psicose III”, que tinha acabado de estrear nas nossas telas. Só Exciter e Venom! Ah, claro, e no ‘openning act’ de respeito, o Vulcano! Meu irmão até estava com a camiseta branca do Venom (”Welcome To Hell”) e que tinha o logo do Vulcano nas costas.

Ao chegarmos na rua São Jorge 777 já presenciamos a enorme massa de fãs. Por sorte consegui estacionar o carro bem perto do ginásio, no estacionamento ao lado. Isso, graças ao Renato “Gênio” Bontempo, o sósia do Edmar, jogador conceitado do futebol brasileiro, que foi conosco na ida até o local do show e por ser associado do SC Corinthians Paulista nos deu a chance de estacionar o carro em um local tranquilo - o “Edmar” era funcionário do escritório de advocacia do meu pai, assim como tinha sido o Totó (Antonio Greco), que havia nos levado anos antes no show do Kiss no Morumbi.

A entrada foi quase um ato heróico. A PM estava com sua cavalaria a postos bem na frente do portão principal do clube, onde a fila gigantesca só ia aumentando. Na verdade aquilo não era uma fila, mas uma aglomeração de milhares de fãs loucos para entrar no ginásio. Nós ficamos andando de um lado para o outro sem saber o que fazer. Foi aí que começou o tumulto. E sobrou pra todo mundo. Teve gente que tomou borrachada nas costas, no peito, perdeu o tênis, o óculos e ficou com hematoma em várias partes do corpo. Marcelo Garcia, que estava conosco, foi um deles… Mas isto aconteceu por causa da desorganização, já que ninguém estava fazendo absolutamente nada, a não ser ficar gritando e berrando à espera da abertura dos portões. O fato até rendeu matéria “especial” no jornal Diário Popular do dia seguinte.

Só que na mesma hora que eu estava naquela aglomeração monstruosa, quase esmagado, meu irmão já estava lá dentro junto com o Walcir Chalas, dono da loja Woodstock Discos. Walcir o colocou para dentro, já que ele tinha 14 anos de idade e não estava mais suportando ficar na “fila”. A sorte do meu irmão foi tanta que ele foi um dos primeiros a entrar no ginásio! Nesse meio tempo nossa turma retornou ao estacionamento para tentar argumentar se poderíamos usar a entrada lateral do clube. Nada feito, o xaveco não colou.

Enquanto isso, outros amigos estavam tranquilamente jogando Basquete na quadra externa do clube. Um dos que editava o zine DeathCore comigo, Conrado Tabuso, fazia dupla com o André “Corinthians” Périgo – ambos jogavam no time do meu irmão, no Clube Paineiras do Morumby. Os irmãos Cláudio e Mauricio “Gavião” Gawendo chegaram bem mais cedo e como alguns entre eles estavam com camisas da Gaviões da Fiel e do Corinthians os seguranças pensaram que todos eram sócios e os deixaram entrar no clube. Essa foi a sorte deles, que ainda por cima conseguiram almoçar na lanchonete do Corinthians. Alguns até foram tomar banho no vestiário porque estavam suados depois de jogar um “21″ nas quadras externas de Basquete! Mas tudo bem, alguém ousa falar em sorte com corintiano? - o “Gavião” estava com tanta sorte esse dia que até conseguiu pegar a baqueta do Dan Beehler!

Após este tumulto inicial, das porradas e dos hematomas, a fila começou a andar e os fãs foram se dirigindo ao ginásio. Quem estava usando cinto de bala, jaqueta de couro com pingente, braceletes e todo o visual característico da época, foi pego de surpresa. Todos tiveram que deixar os seus adereços em caixas, com a promessa da PM de que iriam devolver no final do show. Isso, obviamente, não aconteceu.

Na porta do ginásio conversei um pouco com o Walcir da Woodstock e aí entrei novamente naquele local que não guardo boas recordações na área do esporte. Logo lembrei daquela lavada que meu time de Basquete havia tomado do Corinthians. Eu jogava pelo Clube Paineiras do Morumby e nós perdemos o jogo de 98 a 18! Ridículo! Mesmo assim, por sorte, eu havia sido indicado por um técnico para fazer teste justamente no Corinthians. O treinador “Sun Guara” (Luis Guaranha) me viu, deixou que eu treinasse, e falou: “Você joga bem, tem todos os fundamentos, mas dê uma olhada no meu time. Precisa mais alguém?”. Eu, que já havia sofrido a maior derrota da minha vida naquele ginásio e que além do mais torço para o São Paulo Futebol Clube, pensei: “Tudo bem, vou jogar na ADC Pirelli de Santo André e foda-se”. O mundo dá tantas voltas que anos depois o mesmo Luis Guaranha acabou indo para o Paineiras do Morumby e foi treinador da categoria do meu irmão Frederico e do Conrado Tabuso. E a coincidência maior foi descobrir muito tempo depois que na mesma época que eu estava treinando Basquetebol na Pirelli o Frans Dourado, colaborador da revista Roadie Crew, treinava Vôlei lá! Por estas e outras vemos o quanto mundo é pequeno.

Voltando ao dia do show, quando entrei a primeira coisa que pensei foi encontrar meu irmão. E não é que ele estava sossegado na lanchonete comendo um churrasquinho (de gato, eu acho … ou de bode, hahahaha), sem qualquer tipo de preocupação. Os outros, da turma do Basquete, pareciam “mauricinhos” de tão limpos que estavam. Imagine só, camisas do “Welcome To Hell” e do “Black Metal” novinhas e banho tomado! Deu até raiva…

Quando olhamos para o palco já estávamos viajando e pensando qual seria o set list do Venom. Fiquei pouco tempo na pista e fui para a numerada do lado esquerdo do palco. O set do Vulcano foi intenso, extremo, mas pena que o som para os PAs não estava bem regulado. O Exciter levantou o público presente, estimado em mais de 6 mil pessoas - alguns dizem sete, oito, nove, dez, onze mil… Como o Frans Dourado fala: “Essa história parece àquela do jogo do Santos e Juventus, do gol mais bonito que o Pelé fez. Se todo mundo que fala realmente foi, o público ia encher dois estádios como o Maracanã”.

O som dos PAs não estava lá com aquela qualidade prometida, mas valeu! O Gavião é um que até hoje reclama: “Todo mundo fala só do Venom, mas e o Exciter?!”. O mais saudado naquele dia foi o baterista Dan Beehler, que estava usando aquela “bateria do foguinho”, confeccionada pelo Tibério Correa Neto, renomado luthier (Luthier Drum) e baterista que gravou o EP “A Ferro e Fogo” do Harppia. A mesma linha de batera “do foguinho” foi usada depois por Lars Ulrich, na primeira vinda do Metallica ao Brasil.

Ao final do Exciter a expectativa era grande. Havia chegado a hora. As luzes se apagam e entram em cena Cronos, Abaddon e… Bem, Mantas não estava mais fazendo parte da banda e dois guitarristas - Mike “Mykvs” Hickey e James Clare - o substituíram. Tal fato gerou e ainda gera polêmica. Mas polêmica é quase sinônimo de Venom.

O que mais impressionou foi a velocidade com que tocaram as músicas. “Die Hard”, por exemplo, daria inveja até ao Krisiun! Outro fato interessante e absurdo foi a colocação de uma enorme rede de polietileno (tipo aquelas que ficam nas traves do Futebol) que Cronos ordenou que pusessem bem à frente. Sei lá se ele estava com medo de que alguém iria jogar algo no palco.

O show transcorreu bem, mas eu não me contive. Quando percebi que o set estava caminhando para o final falei para os outros que queria ver bem de perto. E fui. Não estava trabalhando mesmo… Aliás, para um simples estudante, jogador de Basquete e menor de idade que pegou o carro da mãe e colocou oito pessoas para ir ao show do Venom, ficar na cara do palco era quase uma obrigação.

Conseguimos ver o Cronos & Cia. de perto e ouvir clássicos como “Black Metal”, “Countess Bathory”, “Welcome To Hell”, “Warhead” (tenho certeza que o Fanin, que estava na numerada oposta, berrou com toda forma “Warheaaaaddddd!!!!”), “Teachers Pet”, “Bloodlust”, “Witching Hour”…

Anos depois, trabalhando profissionalmente na revista Roadie Crew, percebi a importância de ter sido um fanático, um radical, quase um lunático e que se não tivesse me empenhado tanto para conseguir ir a todos os shows, como este do Venom/Exciter, as coisas não teriam tanta graça.

E você acha que todos que estavam voltando comigo na “Parati Slayer” se preocuparam quando o carro parecia um barco na marginal Tietê por causa dos amortecedores? Que se preocuparam quando erramos o caminho de volta e estávamos indo parar sei lá onde? Que estávamos morrendo de fome? Nada disso. Heavy Metal é assim mesmo. Fui deixando um a um em casa e meu primo João Cláudio berrava com entusiasmo o nome de cada um bem alto, seguido de um “Venoooommmm!!!!”.

Pode ser o que for, a gente “sofre”, mas passa por cima de qualquer coisa e no final das contas vê que valeu a pena. Afinal, temos história para contar.

Sites relacionados:
Venom Brasil - www.venombrasil.com.br
Venom - www.venomslegions.com
Exciter - www.hemidata.se/exciter
Beehler - www.myspace.com/beehlerheavymetal

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Arquivo Entrevista: BILL LEVERTY (Firehouse)

Formada em meados de 1987, a norte-americana Firehouse conquistou uma legião de fãs pelo mundo com seu Hard Rock vigoroso e melódico. O primeiro álbum, "Firehouse", saiu em 1990 e as faixas "Don't Treat Me Bad" e "Love Of A Lifetime" logo colocaram a banda nas paradas de sucesso dos EUA, fazendo com que conquistasse a platina dupla na América e discos de ouro no Canadá e Japão. No ano seguinte, recebeu o "American Music Awards" e a popularidade aumentou ainda mais com o álbum "Hold Your Fire", impulsionado pelos hits "Reach For The Sky" e "When I Look Into Your Eyes". Em 1995, veio o álbum "3" e a balada "I Live My Life For You" manteve o FireHouse em primeiro plano na cena, inclusive no Brasil, onde foi tema de novela. Na seqüência saíram "Good Acoustics", "Category 5" e o ao vivo "Bring ‘Em Out Live", gravado em Osaka (JAP), em 1999. Recentemente foi lançado "02" (Spitfire Records), trazendo um novo line-up, com o baixista Bruce Wibel, que substitui a Perry Richardson, o vocalista CJ Snare, o baterista Michael Foster e o entrevistado, o guitarrista Bill Leverty.

Conte-nos um pouco mais a respeito do novo álbum, "O2".
Bill Leverty: "O2" foi gravado de uma forma mais direta, quase ao vivo. Tentamos manter uma vibração espontânea e nossa sonoridade original, que é o Hard Rock melódico. Há apenas uma música com guitarra acústica e por isso nossos fãs irão gostar da energia contida neste álbum.

"Don’t Treat Me Bad", "All She Wrote", "Reach For The Sky", "Overnight Sensation" são alguns clássicos da banda. Quais músicas do novo álbum você acredita que possam obter o mesmo impacto?
Bill: Acredito que "Jumpin’", "Take It Off", "I’m In Love This Time", "I’d Rather Be Makin’ Love", "The Dark" e "Call Of The Night" poderão agradar muito os fãs e possivelmente se tornarão músicas memoráveis. Nós realmente voltamos às nossas raízes originais neste novo álbum.

O novo baixista, Bruce Wibel, tocava em qual banda antes de entrar no Firehouse?
Bill: Bruce foi baixista de Greg Allman nos álbuns "Let The Bullets Fly" e "I'm No Angel". Ele realmente somou muito para nosso som com sua técnica fenomenal e também por sua grande habilidade para cantar.

Vocês vieram ao Brasil em 1995 para promover o álbum "3". Você sabia que a balada "I Live My Life For You" foi tema de novela e fez muito sucesso aqui?
Bill: Fomos ao Brasil apenas para uma promo tour e naquela época tínhamos mesmo a intenção de voltar aí para fazer uma turnê, mas não houve acerto com os promotores de shows. Nós estávamos esperando uma oferta legítima para assinar o contrato, mas isto nunca de fato aconteceu. Mesmo assim, ainda temos esperança de poder tocar no Brasil, pois passamos bons momentos visitando o Rio e São Paulo. Com respeito à música "I Live My Life For You", na época ficamos sabendo que ela seria incluída numa novela para a TV e nos sentimos honrados com isso, pois sei que as novelas brasileiras fazem muito sucesso, inclusive em outras partes do mundo.

Em 1991 o Firehouse superou o Nirvana e o Alice In Chains, ícones da "onde Grunge" e conquistou o American Music Award como melhor banda nova de Hard Rock/Heavy Metal. Você acredita que aquele tenha sido o último bom momento para o Hard americano?
Bill: Aquela noite foi definitivamente o ponto mais alto de nossa carreira! Estávamos fazendo muito sucesso nas rádios e na televisão e ficamos pasmos com a enorme quantidade de fãs que tínhamos conquistado. Nunca havíamos pensado em atingir um nível tão alto. Não acho que a conquista do 'American Music Award' tenha sido o último bom momento para nosso estilo musical. Acredito que a música está sempre mudando mas, queriam ou não, um bom vocal, bons músicos e boa música nunca será deixada de lado.

Você concorda que a maioria das bandas de Hard Rock voltaram à ativa lançando álbuns ao vivo, inclusive vocês, com "Bring 'Em Out Live". Vocês lançaram-no para testar a popularidade da banda hoje em dia, principalmente no mercado americano?
Bill: Na verdade não foi um teste. Estávamos esperando lançar um álbum ao vivo há muito tempo, mas ainda não tínhamos tido a oportunidade. Finalmente, nossa gravadora no Japão, a Pony Canyon, sugeriu que gravássemos um de nossos shows na turnê japonesa. Estou muito contente com o resultado do álbum, um trabalho que mostra que também somos uma grande banda ao vivo. Ele foi nosso primeiro lançamento pela Spitfire, nossa nova gravadora.

Como você analisaria a cena americana para o Hard e o Heavy Metal atualmente? O mercado está realmente bom ou apenas está acontecendo um ressurgimento tímido e sem impacto?
Bill: Penso que está melhorando muito atualmente, mas não tão rápido como gostaria que fosse. Nós estamos tendo muito mais sucesso nas rádios como nosso material, mas o Hardcore está dominando as estações de Rock e o Rap dominando as rádios mais Pop. Se você for analisar friamente, as coisas estão menores para todos os lados, mas mesmo assim acredito que vai mudar para melhor.

Entendo o que você quer dizer. As modas são uma tradição do mercado americano.
Bill: Nós sempre iremos nos manter fiéis a nosso estilo. Tenho convicção de que se tentássemos atingir estas modas e tivéssemos mudado nosso estilo, os fãs sentiriam que aquilo não viria do coração. Por isso estamos tentando fazer o melhor para sermos ainda uma banda de Hard Rock que toca com melodia. Tenho esperança que as pessoas possam ouvir nossa música e terem vontade de colocá-la em seus 'estéreos'!

Fiz uma entrevista há algum tempo com Kip Winger e, mais recentemente, com Don Dokken e eles declararam que a MTV tem parte na decadência do Hard Rock. Você concorda com eles?
Bill: A MTV tem total responsabilidade na divulgação destas novas tendências. Acredito que as gravadoras são mais influentes que a MTV porque são elas que alimentam-na e então a MTV alimenta o público. Penso que o sucesso da excursão do Poison, do Ratt, do Kiss, e muitos outros são a prova de que a audiência ainda está sedenta para ouvir um bom Hard Rock. Ninguém está interessado no visual Glam, estamos falando apenas sobre música. O próximo passo será receber o apoio das gravadoras, selos e promotores, pois assim poderemos voltar a tocar nas rádios e vender muito mais. Esta vibração positiva e as vendas trarão a mágica de volta.

É verdade que Jon Bon Jovi disse que se vocês colocassem a balada "Love Of A Lifetime" no primeiro álbum, aquilo iria arruinar a carreira da banda? Como você sabe, até que ele é pé quente, lembra do que fez pelo Cinderella?
Bill: E como! Mas ele realmente nos disse que aquela música iria arruinar nossa carreira. Na realidade, ele ouviu a Demo-Tape e a música estava muito leve, sem guitarras e com CJ cantando e tocando um teclado Fender Rhodes. Entendo perfeitamente o porquê ele nos disse aquilo, já que o som estava suave e Jon queria que soássemos sempre como uma banda de Rock.

Vocês tocaram ao lado de bandas como Poison, Tesla, Enuff Znuff, Slaughter, Warrant, Trixter, Night Ranger, Bon Jovi, Quiet Riot, Badlands, Lynch Mob, entre outras. Dentre estas, qual foi a melhor e mais prazerosa turnê?
Bill: Com certeza, a com o Tesla. São os caras mais legais para se fazer uma excursão e nos deram total estrutura para nossos shows. A turnê durou 9 meses e em todos os lugares os shows foram 'sold-out'.

Quais são suas influências como guitarrista?
Bill: Esta é fácil, gosto de muitos guitarristas, entre eles Eddie Van Halen, Allan Holdsworth, Ted Nugent, Randy Rhoads, George Lynch, Steve Lukather, Carlos Santana, Neal Schon e o meu favorito de todos os tempos, Jeff Beck.

Entrevista publicada na edição #24 da revista ROADIE CREW (novembro de 2000)

sábado, 2 de agosto de 2008

Arquivo Entrevista: ROB ROCK

O vocalista norte-americano Rob Rock lançou recentemente seu segundo trabalho solo, Eyes Of Eternity, onde trabalhou novamente ao lado de Roy Z (Bruce Dickinson, Halford, Tribe Of Gypsies). O sucessor de Rage Of Creation vem chamando a atenção dos fãs, especialmente os que acompanham sua carreira desde o início. Após integrar a banda Vice, ao lado do guitarrista Chris Impellitteri, Rob Rock gravou o álbum do projeto M.A.R.S., Project: Driver (1986), ao lado do baterista Tommy Aldridge, o baixista Rudy Sarzo e o guitarrista e tecladista Tony MacAlpine. Na seqüência, gravou com diversas bandas, como Joshua, Angelica, Driver, Axel Rudi Pell, Warrior, Avantasia e integrou o Impellitteri, onde gravou sete álbuns de destaque. Na entrevista a seguir, Rob fala sobre o mais recente lançamento e detalhes de sua vitoriosa carreira.

Os músicos que gravaram o novo álbum Eyes Of Eternity não são os mesmos que o acompanham ao vivo. O line-up da banda que fará os shows com você conta com Rick Renstrom e Bob Rossi nas guitarras, Stephen Elder no baixo e Tracy Shell na bateria?
Rob Rock: Sim, é esse mesmo. Isto ocorreu porque logo depois do lançamento do primeiro álbum, Rage Of Creation, eu me reuni estes músicos da Flórida. Bob Rossi entrou pouco tempo depois. Só que neste intervalo de dois anos entre os lançamentos eu continuei compondo e tive o auxílio de Roy Z. Aí como a banda tinha muito mais experiência de palco do que em estúdio em decidi gravar o álbum com os mesmos que estiveram comigo no Rage Of Creation, Roy Z e “Butch”, o baterista Carlson. Queria estar seguro, já que trabalhando com a mesma base de pessoas que estiveram no álbum anterior, o resultado seria novamente intenso e forte o bastante.

Você trabalhou novamente com Roy Z, que desta vez produziu o álbum e também gravou a guitarra, o baixo e o teclado. Como foi a gravação e esta interação tão frutífera ao lado dele?
Rob: Na verdade foi bem complicado. Eu fiquei esperando por Roy algumas vezes, já que ele estava trabalhando com Rob Halford no Crucible. Devido a isso, meu trabalho atrasou porque nós trabalhávamos no período em que Roy estava de folga na produção do Halford. Acabamos gravando primeiro a bateria e depois, nestes intervalos entre o trabalho dele com o Halford, íamos fazendo o restante. Acho que demoramos quase um ano para termos tudo gravado! E, no final das contas, eu tive que gravar minha parte em poucas semanas, já que a mixagem estava agendada previamente. A coisa boa disso foi que tivemos bastante tempo para analisar as músicas e termos certeza de que estavam boas. E a decisão de Roy gravar os instrumentos foi uma coisa mútua, nós decidimos que seria melhor fazer desta forma. Aconteceu porque ele precisava do baixo para gravar as outras partes e daí o gravou primeiro. Já o teclado, Roy tinha gravado para o Rage Of Creation, mas desta vez como eram mais partes, tivemos também a ajuda de um amigo, o Mistheria, que mora na Itália.

Por que você colocou o título do novo álbum, Rage Of Creation, com o mesmo nome de uma das faixas do álbum anterior?
Rob: Fiz isso só para confundir as pessoas (risos). Falando sério, quis fazer isso porque é uma ótima música e fala sobre estar na estrada tocando. E o nome da minha banda ao vivo é justamente Rage Of Creation. É legal porque isso faz as pessoas terem a curiosidade de conhecer o álbum anterior.

Media Machine, In The Night e Never Too Late foram os pontos altos do álbum Rage Of Creation. O que você espera agora com o Eyes Of Eternity, existe alguma faixa em especial que você destacaria?
Rob: Bem, se tivéssemos que pensar em termos de um single, acredito que se constassem as faixas Rock The Earth e Stranglehold estaria perfeito. Mas as músicas que eu mais gosto são Fields of Fire e You Know. Entretanto, a que chama a atenção por sua longa duração, de 12 minutos, e por ter uma série de convidados nos solos de guitarra é a The Hour Of Dawn. Essa é mesmo como se fosse a surpresa do álbum!

Qual a temática da letra da Fields Of Fire?
Rob: O tema central foi tirado da Bíblia, falando sobreviver ou viver longe do pecado até o final dos tempos, pois haverá perseguição e também o Juízo Final.

No Rage Of Creation você contou com a participação especial do guitarrista Jake E. Lee (Ozzy Osbourne, Badlands) e agora teve vários guitarristas na faixa The Hour Of Dawn.
Rob: Sim! Dez guitarristas! Contei com Axel Rudi Pell, Tom Naumann (Primal Fear), Carl Johan Grimmark (Narnia), Rick Renstrom, Jeff Kollman (Glenn Hughes), Jack Frost (Seven Witches, ex-Savatage), Howie Simon (Tamplin, Jeff Scott Soto), Jimi Bell (Wayne, MVP), Gus G. (Dream Evil, Mystic Prophecy, Firewind e Nightrage) e, é claro, Roy Z. Os primeiros cinco minutos segue a linha de uma balada, com altos e baixos e depois entra a parte dos solos, que ficou muito legal.

Lembra até aquela música histórica Stars, do projeto Hear N’ Aid!
Rob: Isso mesmo, nem parece que tem doze minutos porque você não sente que este tempo passa. A música vai crescendo tanto que acaba empolgando! Conheço todos estes guitarristas convidados pessoalmente e liguei para cada um perguntando se topavam fazer os solos na música. E eles fizeram! O processo mais complicado ficou mesmo para Roy Z, que teve que ajustar tecnicamente todos os solos da melhor maneira possível para que soassem perfeitos. No final, todo mundo ficou contente!

Eu tinha falado a respeito do Jake E. Lee, que participou do Rage Of Creation, mas como você entrou em contato com ele?
Rob: Jake E. Lee é amigo de Chris Libengood, que eu e Roy Z conhecemos também. Acho que conheço Chris há mais de quinze anos. Bem, quando ele escutou as músicas All I Need e Media Machine, imediatamente pensou que seria legal se elas fosse apresentadas para Jake E. Lee, já que soavam como o estilo antigo de Ozzy em sua banda solo. Aí um dia ele veio ao nosso estúdio e gravou os solos.

Você já pensou em gravar um álbum inteiro com Jake E. Lee?
Rob: Não. Jake está gravando álbuns solo também e ele agora não está mais interessado em fazer turnês. Ele grava seu trabalho em casa, tem sua gravadora no Japão e tem uma vida bem familiar, ou seja, passa a maior parte do tempo em casa. Ele não aceitaria fazer a promoção inteira de um álbum com shows em vários países. Bem, se você quiser perguntar para ele, me fale depois (risos).

Por que você decidiu optar por Marc Sasso, responsável pela capa do Killing The Dragon (Dio), para criar a arte do novo álbum? Como entrou em contato com ele?
Rob: Quando estávamos em estúdio, na Califórnia, havia uma banda chamada Cage gravando no mesmo local e o manager deles conhecia meu trabalho. Começamos a conversar e em um ponto da conversa ele disse que havia empresariado o Marc Sasso e que poderia ver algo para mim. Me interessei e depois entrei em contato com Marc. Ele apenas exigiu que eu lhe enviasse as músicas e que depois me mostraria algum rascunho. No final de tudo ele me enviou o desenho que está na capa!

Quais as maiores diferenças de ter uma carreira solo comparando o seu trabalho para as bandas que você integrou, como Impellitteri, Axel Rudi Pell, Driver, MARS, Joshua e Angelica?
Rob: Me sinto muito bem fazendo meu trabalho solo e os álbuns com a assinatura Rob Rock são os que representam melhor o que eu sou como um artista. É algo bem pessoal, porque são músicas de minha autoria e tenho que tomar bastante cuidado com todos os detalhes. Mesmo quando compunha com Chris Impellitteri ou Axel Rudi Pell, era algo pessoal deles, só que com parte de minha criatividade. Só que quando você faz um álbum e coloca o seu nome lá, a pressão aumenta e eu sou o responsável pelos erros e os acertos.

Como surgiu o acordo com a Massacre Records para o lançamento de seus álbuns solo na Europa? E quanto ao Brasil e a América do Sul, existe alguma possibilidade para o lançamento dos seus trabalhos?
Rob: Eu licenciei os álbuns para a Massacre Records, porque meu contrato é com a JVC/Victor do Japão. Eles me deram condições financeiras para gravar o álbum e o lançam no Japão e Ásia e eu tenho a liberdade de acertar com os outros mercados. Aí fechei com a Massacre para a distribuição e promoção na Europa. Estou em busca de uma gravadora para o lançamento no Brasil, até tive contato com algumas, mas ainda não acertei nada. Acredito que muita gente está importando o álbum para vendê-lo no Brasil.

O que aconteceu com a Rob Rock Music? A empresa ainda existe?
Rob: Ainda existe, é apenas uma distribuidora, que sou eu mesmo (risos). Eu faço a distribuição para os lojistas aqui na América. Faço isso porque ainda não encontrei uma gravadora que me desse a condição necessária e também justa para tal.

Existem planos para a gravação de um videoclipe ou um DVD ao vivo?
Rob: Sim, estávamos tratando isso com a Massacre há poucos dias. Primeiro vamos acertar uma turnê pela Europa e aí iremos gravar alguns shows pensando nesse lançamento em DVD. Existem detalhes financeiros que ainda não confirmados. Mas, quem quiser saber, é só acessar o nosso site, www.robrock.com, e ver as novidades.

Quando você estava com Roy Z na banda Driver, vocês gravaram alguns Demo-Tapes. Você sente que aquele foi como se fosse o início de sua carreira solo?
Rob: Sim. Eu nem imaginava naquela época que pudesse ser visto como tal, mas vendo como tudo aconteceu, acho que foi mesmo o início da minha carreira solo! Acredito que a formação da base do meu trabalho com Roy deve-se muito ao trabalho feito naquela fase. E “Butch” Carlson também estava conosco.

E quanto ao álbum que você gravou com o Warrior, Code Of Life? Como surgiu a oportunidade e o que achou do resultado final? Acredito que seu estilo combinou com o Warrior, concorda?
Rob: O guitarrista do Warrior, Joe Floyd, foi o engenheiro de som do Rage Of Creation. Quando os trabalhos terminaram, Joe veio a mim e disse: “Cara, eu preciso terminar o álbum do Warrior urgente, mas estou sem vocalista e não consigo finalizar algumas faixas sem ter alguém que cante. Você estaria interessado em me ajudar a acabar o álbum e gravá-lo?”. Eu aceitei e gravei o álbum. Até achei que iria fazer uma turnê com o Warrior, mas infelizmente ela não aconteceu. Fiquei muito contente com o resultado final e acho um álbum bem pesado! Caiu bem também para mim, porque fiz um estilo um pouco diferente do usual.

Como foi o show no festival “Bang Your Head” na Alemanha este ano? A resposta dos fãs foi a esperada?
Rob: Nossa, que dia! Estavam presentes Dio, Twisted Sister, Hammerfall... Tocamos na sexta pela manhã e a resposta foi positiva. O mais importante para mim foi ver pessoas cantando minhas músicas!

E quanto ao set list dos seus shows, você inclui músicas fora da sua carreira solo, do seu trabalho com Impellitteri, Driver, M.A.R.S. (Project: Driver), Joshua ou Angelica?
Rob: Sim, tocamos algumas do M.A.R.S., como Nations On Fire e Stand Up And Fight...

Ah, você escolheu as mais rápidas do M.A.R.S.!
Rob: Sim (risos). Além destas, tocamos I’m A Warrior, Lost In The Rain, Eye Of The Hurricane do Impellitteri, e já fizemos algumas do Warrior, como Day Of Reckoning e Kill The Machine. Eu tento balancear o set list sempre, com muita variedade. Depende do tempo de duração do show. No “Bang Your Head”, como era um festival, não tínhamos tanto tempo disponível, mas os fãs adoraram assim mesmo!

Você fez parte do projeto Avantasia, The Metal Opera, organizado por Tobias Sammet do Eduy. O que você achou do resultado final do álbum? Aqui no Brasil ele foi muito bem aceito!
Rob: Quando gravei o vocal, tinha apenas uma Demo em mãos, mas o resultado final ficou muito bom! Falei com Tobias e ele me deixou confiante que seria algo grandioso. Isso me encorajou a participar e por isso concordei em cantar e estar presente naquele projeto. Aí, dois anos depois, o álbum foi lançado e fiquei bastante contente com o que escutei!

O álbum mais vendido da discografia do Impellitteri é o Answer To The Master. Como foi aquela época para você?
Rob: É um de meus álbuns favoritos! Até hoje ele vende bem e foi uma época mágica para nós!

A música The Future Is Black, por exemplo, se tornou um clássico do Impellitteri.
Rob: É verdade! Acho que vou começar a colocá-la no set list dos meus shows (risos).

O que você achou do mais recente álbum do Impellitteri, System X, com Graham Bonnet no vocal?
Rob: Eu gostei mas queria que o álbum soasse mais na linha do Stand In Line. Acho que ele tentou fazer um disco com um som moderno, mas deveria ter usado um estilo mais antigo, como fez no Stand In Line, e aí ficaria perfeito para Graham Bonnet.

E quanto ao seu trabalho com Chris Impellitteri, acredita que ainda poderá fazer um álbum com ele?
Rob: Nos conhecemos desde 1985 e sempre mantemos contato. Somos grandes amigos e quando disse que iria fazer meu álbum solo, disse para ele que achava possível trabalhar nas duas bandas. Chris achou que não seria possível e aí ele pensou em fazer outro trabalho com Graham Bonnet. Por isso nos separamos e há três anos meu foco é a carreira solo. Chris agora optou por outro vocalista e ele até tinha me convidado tempos atrás, mas eu disse que tudo ia depender da minha agenda. Agora ele está em busca de um outro vocal para ficar no lugar de Graham. Não tenho nenhum plano de trabalhar com Chris Impellitteri, mas isso poderá voltar a acontecer.

Você disse que preferia que o System X tivesse a linha do Stand In Line, mas e se você tivesse na banda e escutasse aquelas músicas que Graham Bonnet gravou, você teria gostado de ter participado do álbum?
Rob: Dependeria mesmo do que tivesse focado na época. Como estou concentrado na minha carreira solo não sei qual seria minha reação porque certamente teria algo meu naquele processo de composição. Chris faz as músicas e vê mais o lado da guitarra, que ele acha o mais importante, e eu já penso na composição toda. Por isso que quando estamos juntos fazemos coisas boas!

E o que você pode falar sobre o início de carreira, em meados de 1985, quando você e Chris Impellitteri estavam na banda Vice?
Rob: Aquela época era fantástica e todos os lugares lotavam! Tocávamos nos clubes em New England e a molecada comparecia em peso em qualquer show. Era uma ótima época para o Metal! Nosso show tinha músicas próprias e covers. Aí, quando recebi a proposta para fazer o álbum do M.A.R.S. eu me mudei para Los Angeles e saí do Vice. Chris também saiu e começou a fazer seu trabalho solo. Bem, logo depois da gravação do M.A.R.S., Rudy Sarzo e Tommy Aldridge foram para o Whitesnake. Aí eu fui para a banda de Chris Impellitteri, que tinha acertado com a Relativity Records, e depois para o Joshua, que tinha fechado com a RCA. Só que depois eu e Chris voltamos a nos unir e fizemos grandes álbuns!

E quanto ao álbum que você gravou em 1989 com a banda Angelica? Como eles chegaram até você?
Rob: Na verdade meu amigo Ken Templin estava produzindo o álbum e ele estava tendo uma série de problemas com o vocalista da banda, que não conseguia finalizar o trabalho. Aí um dia ele se encheu, porque havia pressão da gravadora parta que eles terminassem o processo de gravação, e me ligou perguntando se eu poderia ir até o estúdio e gravar a parte de vocal. Foi como um favor e eu fiz tudo em apenas dois dias! Eu não estava lá para substituir o vocalista, mas sim para terminar o álbum, por isso a banda saiu em turnê com seu integrante original. Mas estar em estúdio é um mundo completamente diferente de tocar ao vivo e a primeira experiência é sempre muito complicada quando você vai gravar e eu sei disso por experiência própria. Você tem que aprender as coisas muito rápido e se não há tempo hábil para uma produção, daí as coisas se tornam mesmo bastante difíceis e a pressão aumenta. Acredito que isso aconteceu com o vocalista do Angelica e ele não conseguiu finalizar o álbum como queria Ken Templin.

Por que você gravou apenas um álbum com o Axel Rudi Pell? O que aconteceu após o lançamento do Nasty Reputation, em 1991?
Rob: Para mim foi apenas uma oferta para ajudá-lo em estúdio. Eu teria apenas que gravar os vocais e auxiliá-lo a finalizar aquele álbum. Fiquei apenas dez dias lá e nunca os planos passaram de um trabalho de estúdio. Ninguém estava pensando em sair em turnê com a banda naquela época.

Quais músicos que você ainda não trabalhou, mas tem vontade de fazer algo? Qual seria o line-up de uma banda fictícia se você pudesse escolher agora?
Rob: Mas que difícil (risos). Sei lá! Mas que seria divertido poder fazer isso seria (risos). Na próxima entrevista você pode me fazer a mesma pergunta que aí sim eu terei tempo de sobra para pensar no assunto!

Tudo bem. Suponhamos que você seja convidado por Yngwie Malmsteen para entrar na banda dele, você aceitaria o posto?
Rob: Depende. Eu me concentro bastante também em minhas letras e acho que Yngwie gosta de fazer as melodias e as letras. Se eu pudesse me tornar parte criativa e colocar minha personalidade eu não teria problema em aceitar o posto. Eu não ia aceitar ser mais, mas sim fazer parte do processo de composição desde o início. Só assim o show para mim seria real, pois sentiria mesmo o que estaria cantando!

As pessoas nunca o classicaram como um artista de White Metal, mesmo sabendo que você é cristão. Qual é o seu envolvimento com a religião?
Rob: Isso é uma coisa pessoal. Eu leio a bíblia todos os dias e quando estou compondo e escrevendo as letras isto acaba sendo uma influência, porque acaba passando pelo modo como vejo e encaro as coisas. Eu não sou ligado a nenhuma gravadora do meio cristão e quando alguém fala de uma banda cristã, eu sei que ela esta contratada por uma gravadora cristã e toca exclusivamente para este tipo de platéia. Eu tenho contrato com uma gravadora normal de Metal e toco para os fãs de Heavy Metal, o que é muito diferente. Não uso o fato de ser cristão para aumentar minhas vendas, porque minha arte é feita para o Rock e o Heavy Metal. Antes de qualquer coisa eu sou fã de Metal!

Como um artista americano, como você vê a cena nos Estados Unidos atualmente?
Rob: É horrível!

Você acha que a América é o pior lugar para uma banda normal de Heavy Metal?
Rob: Sim, eu acho isso mesmo (risos). Está melhorando. O Metal ainda está no underground, mas enorme na Internet e, claro, com ótima presença de público em shows e festivais. Mas enquanto as rádios, televisão e grandes veículos não derem a chance, claro que só porque você não é de uma grande gravadora, não vai nunca atingir a grande massa. E essa música de grande massa de hoje é muito influenciada pelo Rap. Preferia que tivesse mais melodia, riffs de guitarra e boas letras. Eu sou da velha escola do Metal e não quero ouvir Rap.

Entrevista publicada na edição #57 da revista ROADIE CREW (outubro de 2003)