segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Arquivo Entrevista: ERIK TURNER (Warrant)

Após um longo tempo de espera os fãs finalmente poderão curtir um novo trabalho de estúdio da banda norte-americana Warrant. O álbum estava programado para sair em 2002, mas o grupo teve que reformular todo o seu line-up e somente agora lançou Born Again. A saída do vocalista Jani Lane - que esteve presente na fase área do grupo, no começo dos anos 90, especialmente com o platinado Cherry Pie (1990) - teve forte impacto na mídia, mas bastou o anúncio de que seu substituto seria Jaime St. James (Black 'N Blue) para que os ânimos se acalmassem. Neste sexto álbum da carreira, além de ter St. James, o Warrant ainda conseguiu trazer de volta quatro integrantes originais - Erik Turner e Joey Allen (guitarras), Jerry Dixon (baixo) e Steven Sweet (bateria) -, afora ter Pat Regan (Kiss, Ted Nugent, Mr. Big, Heaven & Earth, Ritchie Blackmore) cuidando da produção. Erik Turner nos conta mais...

O plano inicial seria lançar o novo álbum de estúdio em 2002, mas Born Again só saiu agora, em abril de 2006. Este atraso se deve exclusivamente por causa dos problemas que vocês tiveram com a saída do vocalista Jani Lane?
Erik Turner: Quando Jani estava na banda nós sempre falávamos sobre gravar um novo CD, mas quando foi a hora de efetivamente fazê-lo, Jani estava ocupando com outras coisas que eram mais importantes para ele naquele momento. Desta forma, quando reunimos quatro dos integrantes originais com Jaime St. James nós começamos a compor as músicas.

Quando ficou decidido de forma oficial que Jani Lane estava fora da banda? E o que você pode falar em relação aos outros integrantes que retornaram?
Erik: Bem, o que aconteceu foi que o próprio Jani se demitiu e aí chegou Jaime St. James. Na mesma época da chegada de Jaime, o Joey Allen voltou para a banda. Já Steven Sweet não queria retornar no começo, mas aí nós entramos em contato com nosso velho amigo e baterista, o Mike Fasano. Ele fez um show conosco e aí Steven entrou em contato para voltar.

Mas em 2005 vocês anunciaram que Joey Allen estava dando um tempo indeterminado dos trabalhos e que não sairia em turnê por causa de problemas pessoais. O que aconteceu?
Erik: Ele é um integrante oficial e permanente da banda, mas aconteceu quase isso mesmo. Ele não deu um tempo, apenas ficou impossibilitado de participar de três shows que realizados e isto ocorreu por causa de outros compromissos que ele tinha agendado anteriormente. Sabemos que ele ainda poderá perder um ou outro show no futuro, mas está integrado ao Warrant.

Vocês chegaram a trabalhar com os produtores Beau Hill e Michael Wagener, mas como foram os trabalhos ao lado de Pat Regan (Kiss, Ted Nugent, Mr. Big, Heaven & Earth, Ritchie Blackmore) para o Born Again?
Erik: Bem, o Beau produziu três trabalhos do Warrant e Michael Wagner um, mas eles têm estilos bem diferentes. Acredito que nós tivemos muita sorte de ter Pat trabalhando conosco neste novo CD. Ele é um grande produtor, engenheiro de som, sabe tudo de mixagem, além de ser um ótimo tecladista e também ter a manha de editar o som. Para nós foi realmente muito bom estar ao lado dele!

O título Born Again é quase óbvio, considerando o que aconteceu com a banda e com a cena do Hard Rock. Que deu a idéia de usá-lo e o que você está achando deste renascimento do Warrant?
Erik: Eu achei que seria uma boa idéia e um título legal porque ele descreve bem onde estamos musicalmente em nossa carreira. Pensar que nossa música estaria nascendo de novo soou muito bem para nós (risos).

A Big Rock Music lançou o Born Again no Brasil. Você acredita que um dia terão a chance de sair dos EUA e vir fazer shows por aqui? Jani Lane uma vez realizou um set acústico, em meados de 1998 aqui em São Paulo...
Erik: Sim, estamos planejando mesmo tocar fora dos Estados Unidos este ano para promover o novo CD. Não temos nada agendado oficialmente, mas acredito que o momento está chegando... Amamos todos daí e queremos longa vida ao Rock!

Então acho que estão pensando em gravar um DVD ao vivo desta turnê do Born Again...
Erik: Por enquanto não temos nada planejado com relação a um DVD ao vivo da nova turnê. Mas isto eu estou falando hoje, pois com certeza isto acontecerá mais para frente. Estamos trabalhando em um DVD que virá como bônus do novo CD e ele se chama Delvis Video Diaries.

Muitos problemas começaram a afetar o Warrant em 1993, mesma época em que o Grunge se fortaleceu. Como foi esta fase para vocês, ainda mais que surgiram rumores de que um alto funcionário da gravadora Sony disse "O Grunge entrou com tudo e estamos descontentes com vocês"...?
Erik: Ninguém nunca disse nada para nós. O álbum Dog Eat Dog saiu normalmente, mas era óbvio que a MTV e as rádios não iriam dar atenção e nos apoiar. Aí aconteceu de Jani Lane nos deixar pela primeira vez. Eu acho que aquele trabalho nunca teve a atenção que merecia.

Por falar em problemas, é verdade que em 1991 vocês brigaram com o pessoal do Poison no camarim? Digo isto porque depois o Warrant chegou a tocar de novo ao lado do Poison, após o lançamento do Under The Influence, em maio de 2001?
Erik: É verdade isso e muitos anos depois nós tocamos com o Poison novamente e foi muito legal. Sem nenhum problema...

Qual a sua opinião sobre o álbum Ultraphobic (1995), que foi ainda menos aceito que o Dog Eat Dog?
Erik: Eu acho um grande CD e, curiosamente, escutei-o na noite de ontem (risos).

Gostaria que você falasse a respeito de alguns hits do Warrant, que ficaram registrados como clássicos do Hard Rock, como I Saw Red, Blind Faith, Down Boys, Uncle Tom's Cabin, Cherry Pie, Machine Gun...
Erik: Sem problemas... A I Saw Red o Jani fala que é a única música que ele escreveu de verdade. A Blind Faith é uma bela composição e ela foi tocada no meu casamento. O primeiro hit mesmo foi a Down Boys. Aí me detonamos com a Uncle Tom’s Cabin e a Cherry Pie, que me lembra de clubes de strip. Do Dog Eat Dog me vem à mente a Machine Gun. Outra bela música é a Bed Of Roses.

Você vê alguma chance para o ressurgimento do Hard Rock, com novas bandas e uma geração atual tocando o estilo?
Erik: Posso recomendar que dêem uma checada no Avenge Sevenfold. Existem algumas bandas boas por aí, o problema maior é encontrá-las e fazer com que tenham mais visibilidade.

Entrevista publicada na edição #88 da revista ROADIE CREW (maio de 2006)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Arquivo Entrevista: MARK BRIODY (Jag Panzer)

O guitarrista Mark Briody é um dos fundadores da banda norte-americana Jag Panzer, formada no início dos anos 80. Trabalhando com o vocalista Harry "The Tyrant" Conklin, o guitarrista Joey Taffola, o baixista John Tetley e o baterista Rick Hilyard, a banda obteve grande reconhecimento na cena do Metal tradicional com o álbum de estréia "Ample Destruction" (1984). Logo após o lançamento, toda a euforia deu lugar à preocupação, com as sucessivas trocas de integrantes. Após anos adormecido, o Jag Panzer voltou à cena em 1997, quando foi contratado pela Century Media. O resultado veio com o álbum "The Fourth Judgement", seguido de uma turnê pela Europa com o Gamma Ray e o Hammerfall. Desde então, o line-up se estabilizou com Harry Conklin (vocal), Mark Briody e Chris Broderick (guitarras), John Tetley (baixo) e Rikard Stjernquist (bateria). O lançamento seguinte, The Age Of Mastery (1999), foi uma idéia em conjunto entre banda e gravadora, que apostaram no lançamento de músicas antigas nunca lançadas. Em 2000, saiu "Tane To The Throne", um álbum conceitual inspirado em "Macbeth", uma das obras-primas de William Shakespeare. A ótima repercussão e vendagem empolgaram os músicos, que logo após a turnê iniciaram a composição do mais recente lançamento, "Mechanized Warfare", um trabalho muito bem acabado e com mais peso das guitarras.

O novo álbum, "Mechanized Warfare", está mais pesado e a produção mais refinada. Você credita isto a sua união com o produtor Jim Morris?
Mark Briody: É sempre muito bom trabalhar com ele, pois você tem que aprender e entender como fazer sua guitarra soar mais pesada, testar diferentes timbres, usar vários tipos de amplificadores e experimentar sem medo de errar. Acho que consegui o que queria, pois neste novo álbum a guitarra está soando mais pesada.

Como vocês trabalharam as letras de "Mechanized Warfare"?
Mark: No trabalho anterior Harry escreveu a respeito de "Macbeth" (William Shakespeare), mas para este novo álbum simplesmente falamos para ele escrever o que ele quisesse, um tema livre. Dissemos que não nos importaríamos e nem iríamos interferir no que ele fosse escrever.

No Brasil teremos um lançamento grandioso com várias bandas brasileiras interpretando "Hamlet" mas você acredita que nos Estados Unidos os fãs estão preparados ou preocupados em conhecer a obra de William Shakespeare?
Mark: Muito bom saber que o Brasil está preparando um material com este tema. Bem, acredito que nos EUA isto não acontece porque a maioria das pessoas só quer saber de Korn e bandas deste tipo porque estão na moda e não estou certo que estas pessoas se interessariam por Shakespeare.

E quanto à música "Unworthy", do novo álbum, que tem uma letra interessante e um coro gregoriano dando um toque especial. Isto foi algo que vocês testaram no estúdio ou já haviam preparado antes de gravar?
Mark: Também gosto muito desta música, é uma das minhas favoritas do álbum, com guitarras bem sincronizadas. Também gostei da letra que Harry colocou para esta música, que fala sobre um homem muito religioso que não consegue encontrar as respostas que procura na religião. Sempre quis fazer uso do Canto Gregoriano, mas tinha que ter certeza de que a letra combinasse e desta vez deu certo e tudo se encaixou de forma perfeita. Gosto de várias outras faixas do álbum porque a cada semana tenho a minha preferida como, por exemplo, "Cold Is The Blade".

Você fez parte de um grande momento da cena americana do Heavy Metal nos anos 80 e também viu a decadência nos anos 90 por causa do Grunge. Como você vê esta transição? Foi difícil para a banda?
Mark: Foi difícil, mas pelo menos eu ainda contava com meus companheiros de banda e meus amigos para conversar (risos). Parecia que todo mundo no país estava hipnotizado e ouviam aquele novo tipo de música. Por sinal, horrível.

Mas pelo menos agora existe espaço para bandas como Jag Panzer, Iced Earth, Pantera e muitas outras que fazem Metal com paixão e não se preocupam com o som da moda!
Mark: Sim, agora os espaços estão voltando a se abrir e está ficando melhor mesmo! Ainda não está como era ou como eu queria que fosse, mas pelo menos estamos sobrevivendo.

O álbum "Ample Destruction" (1984) é considerado um dos grandes clássicos do Heavy Metal dos anos 80, mas por que ele ainda não foi relançado em CD?
Mark: Recebo e-mails todos os dias de fãs e pessoas interessadas! Sempre pensamos em ter este trabalho relançado em CD, mas todos os músicos que estiveram envolvidos, principalmente nosso ex-baterista (Rick Hilyard) e o ex-guitarrista (Joey Tafolla), têm que concordar com os termos do acordo para que possamos viabilizar este lançamento. Mas, infelizmente, até hoje isto não foi possível e é uma coisa ruim tanto para os fãs como para a banda, já que não podemos simplesmente relançar, pois incorreríamos em futuros problemas legais.

Como foi a receptividade dos fãs com o álbum "The Fourth Judgement", que foi o primeiro trabalho da banda pela Century Media?
Mark: Este foi nosso primeiro trabalho com a Century Media e acredito que os fãs gostaram muito. Sei que nós melhoramos a cada trabalho, mas os fãs sempre costumam nos apoiar, como aconteceu neste caso.

É mesmo, sentimos que a banda está mais coesa e entrosada e os álbuns "The Age Of Mastery", "Thane To The Throne" e "Mechanized Warfare" são a maior prova disso!
Mark: Concordo com você, pois a medida que vamos ensaiando, compondo, gravando e fazendo turnês, a banda fica mais sólida e nosso som mais coeso e pesado. Ter o mesmo line-up ajuda muito, pois gostamos de fazer coisas diferentes quando estamos gravando, gravar em estúdios diferentes, buscar novas sonoridades e se tivesse que explicar isso toda vez que um novo integrante entrasse na banda ficaria mais complicado, pois ele poderia começar a questionar a razão pela qual fazemos isso. Este atual line-up está acostumado e usamos isso para nosso benefício.

E você vem formando uma grande dupla com Chris Broderick desde que ele ingressou no Jag Panzer.
Mark: Sim, ele é um guitarrista fantástico e pode tocar de tudo. Nos damos muito bem e sempre que faço sugestões ele as transforma em algo ainda melhor do que eu imagino!

Os fãs gostaram mais do "The Age Of Mastery" ou do "Thane To The Throne"?
Mark: Acho que os fãs mais antigos, que acompanham a banda desde os anos 80, preferem o The Age Of Mastery, porque tem músicas de antigos Demo-Tapes. Já os novos fãs preferem o Thane To The Throne, que é o álbum de nossa discografia que obteve a maior vendagem. Mas, isto não significa que os jovens não gostam dos outros álbuns.

Algumas músicas, como "Lustful And Free", "King At A Price", "Spectres Of The Past" e "Hell Top Pay" não podem ficar de fora do set list da banda nos shows. Como vocês fazem para bolar o set list dos shows?
Mark: Estas são músicas que as pessoas sempre querem ouvir e por isso tentamos tocá-las em todos os países. Às vezes, em festivais, temos um set reduzido e fica mais difícil bolar o set list, mas quando o show é só nosso ou quando temos um tempo mais adequado, tentamos alegrar todos os nossos fãs.

Vocês participaram dos festivais europeus, mas irão fazer uma turnê pelos Estados Unidos?
Mark: Na verdade não agendamos porque minha esposa está grávida de gêmeos e eles irão nascer no mês de setembro. E a mulher de Harry também está grávida e o filho deles irá nascer em outubro. Por isso, ficaremos até o final do ano em uma espécie de retiro familiar (risos). Mas, no começo do ano que vem planejamos começar a fazer as turnês.

Entrevista publicada na edição #34 da revista ROADIE CREW (outubro de 2001)