terça-feira, 27 de outubro de 2009

XXX: a segunda do Lado A

Toda vez que as coletâneas contendo bandas novatas de Heavy Metal eram lançadas havia uma espécie de obrigação em se obter, no mínimo, uma gravação em cassete. Aí era aquela correria habitual daqueles tempos em que os 'tape traders' e os fanzineiros dominavam: um passava para o outro, que copiava para outro e assim por diante. A propagação, que hoje é feita em poucos minutos através dos downloads – sem ao menos o álbum físico ter sido lançado –, era mais lenta, porém mais romântica.

A mais representativa e famosa destas coletâneas, a "Metal Massacre", surgiu em meados de 1982. Pouco tempo depois, aquela ideia do chefão da gravadora norte-americana Metal Blade, Brian Slagel, era uma realidade na cena. Tudo bem que no Brasil as versões chegavam com atraso, mas com as coletâneas – as fitinhas copiadas – em mãos, cada um passava eleger suas bandas preferidas e saía em busca de qualquer sorte de material que pudesse encontrar sobre elas. Havia algumas divergências, mas algumas destas foram unânimes logo na primeira audição, casos dos então novatos Metallica e Slayer, por exemplo.

Os anos iam passando e a "Metal Massacre" continuava firme, revelando boas bandas. Em meados de 1985 veio a "Metal Massacre VI", trazendo o Possessed com "Swing of the Axe" como "abre alas". Como a gravação comprada em lojas como a Woodstock Discos ou algumas da Galeria do Rock (SP) não faziam nenhuma alteração – o lado A do disco era o lado A da fita cassete e o lado B era o lado B –, a ordem das faixas era a mesma. Algumas vezes, quando tínhamos a cópia da cópia da cópia em mãos, algum intermediário dava uma alterada no track list e confusões viravam "lendas urbanas" do meio Metal. Sempre tem aquele carinha que diz ter certeza absoluta que a terceira música do lado B é da banda X, porque a fita dele era gravação do disco original. Bem, deixa pra lá, você já deve ter passado por isso alguma vez na vida. Infelizmente, a gravação que obtive da "Metal Massacre VI" era uma destas alteradas.

Por sorte, descobri que os mesmos amigos do basquetebol do clube Paineiras do Morumby, que editariam pouco tempo depois comigo o fanzine DeathCore, tinham a cópia com a ordem correta da "Metal Massacre VI". Assim, enquanto eu pensava estar ouvindo e curtindo muito uma banda chamada Steel Assassin, os irmãos Caio e Conrado Tabuso me alertaram que aquela era a "Welcome to the Slaughterhouse", do Dark Angel. Sorte que não passei a confusão adiante, porque já estava começando a fazer propaganda demais a outros amigos de bandas que, na realidade, nem tinha gostado tanto.

Regravei-a com a ordem correta e então começamos a eleger as melhores. Como éramos os mais "porradeiros" e curtíamos muito mais os sons extremos, o primeiro eleito foi o Possessed, seguido pelo Hirax, Dark Angel e Halow's Eve.

Só então comecei a perceber que toda vez que ouvia aquela segunda do lado A, a sensação era diferente. Até mesmo quando ia montar uma coletânea para outro amigo conhecer novas bandas, incluía a "XXX". Cheguei a fazer isso para uma das dezenas que gravei ao Claudio Fortuna, que também passou a comentar bastante sobre aquela, segundo ele, "banda esquisita, mas legal".

O som era um Heavy/Thrash de certa forma esquisito mesmo, mas que cativava. Não era aquela coisa que impressionava pela agressividade, como quando ouvimos pela primeira vez o Possessed, mas eles tinham alguma magia diferente. Passei dias, meses e até hoje ainda me pego com aquele refrão sacana "XXX... Triple X". O Nasty Savage provou que havia espaço para a sacanagem explícita no Metal e que as bandas mais agressivas não precisariam viver só de "satan", "evil" ou "demon".

O grupo foi formado na região de Tampa (EUA) no início dos anos 80, por Fred Dreschigan (baixo), Ben Meyer (guitarra) e Craig Huffman (bateria), ainda com o nome de Nightmare. A entrada do vocalista "Nasty" Ronnie Galleti fez com que mudassem radicalmente a linha musical. A primeira mudança ocorreu antes da assinatura do contrato, com a saída de Craig Huffman e entrada de Curtis Beeson, além da chegada de Dave Austin, como segundo guitarrista.

Após a gravação da Demo-Tape "Wage Of Mayhem" (1984), a Metal Blade se mostrou interessada e apostou no potencial da banda, que fez sua estreia justamente na coletânea "Metal Massacre 6". Posteriormente, saiu o cultuado 'debut' "Nasty Savage" (1985), lançado inclusive no Brasil em vinil. Na sequência, após a mudança de baixista com a entrada de Dezso Istvan Bartha, saiu "Indulgence" (1987), mostrando uma sonoridade mais agressiva, bem trabalhada e totalmente Thrash Metal.

Àquela altura, o Nasty Savage tinha um dos shows mais intensos da cena americana. Entre outras estripulias, o insano e performático vocalista Nasty Ronnie cuspia sangue e quebrava aparelhos de televisão no palco, enquanto o baterista Curtis Beeson fazia sua pirofagia cuspindo fogo após seu solo.

E qual não foi a surpresa geral dos fãs brasileiros, quando Nasty Ronnie veio ao Brasil para promover o lançamento de "Indulgence" – que trouxe a regravação de "XXX" – e acertar os detalhes para uma possível apresentação no país. Aquela tarde de sábado à frente da Woodstock Discos, que já estava situada em seu segundo endereço – em frente ao metrô Anhangabaú –, foi inesquecível. Ao contrário da maioria das sessões de autógrafos, Nasty Ronnie fez questão de ficar fora da loja. Passou horas ali, no meio dos bangers, conversando, tirando fotos e concedendo autógrafos na maior humildade.

Estava junto com os grandes amigos do Rio de Janeiro – músicos da banda Necromancer – e de um grande colecionador e conhecedor de Metal, o Fernando Folena. E foi justamente o Folena que me convenceu a voltar para casa para pegar meus discos de vinil para que Nasty Ronnie os autografasse. Foi o que fiz e hoje sei que somente pelo Metal isto é possível.

Além dos autógrafos nos discos do Nasty Savage, Nasty Ronnie ainda fez questão de assinar na página dedicada à banda no fanzine DeathCore, sem antes perguntar: "Você falou bem da minha banda?". Expliquei qual era o teor do texto e Ronnie rabiscou um "DeathCore Rules!". Saímos todos contentes por termos passado uma tarde diferente e agradável em frente à Woodstock Discos.

Naquela longa noitada na extinta Choperia Pedágio, localizada no bairro do Ibirapuera, o papo foi quase que exclusivamente sobre Heavy Metal e, claro, o Nasty Savage. Acredito que os poucos assuntos, fora comentar sobre todas as mulheres presentes no bar e Heavy Metal, foram os drinques esquisitos do Pedágio – "Pô seu Guarda", "Subida da Serra", "Descida Perigosa" – e o chope de 1 litro, o famoso Maracanã. Aí foi aquela habitual discussão sobre futebol paulista X futebol carioca.

No ano seguinte veio a grande notícia, com a confirmação de shows do Nasty Savage no Brasil, com datas no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (SP). A inesquecível data da apresentação na extinta casa Projeto SP ocorreu a 23 de julho de 1988, com abertura a cargo da melhor banda brasileira de Thrash Metal: Korzus. No Rio, o 'opening act' foi a Dorsal Atlântica. Ah, como era boa a época que escolha da abertura era feita exclusivamente por merecimento...

E lá fomos nós... Tudo bem que alguns foram "no embalo", já que show internacional no Brasil era coisa rara. Quem realmente curtia, estava eufórico. Eu e o Claudio Fortuna – aquele mesmo, que tinha conhecido a banda por causa da "Coletânea Batalha Vol. 15" – fomos com uma missão extra: filmar o show. Estava acostumado a filmar os shows de bandas nacionais no Teatro Mambembe, no Rainbow Bar ou em qualquer que fosse o buraco que tivesse show, mas a velha câmera Panasonic VHS estrearia em um evento internacional.

Estávamos apreensivos, pois mesmo com toda negociação feita de forma antecipada com o dono da revista Rock Brigade, Antonio Pirani, a entrada de uma pessoa não credenciada em um show naquela fase era quase impossível. Imagine, então, duas pessoas com ingressos comuns portando uma filmadora. Se um fã era proibido de entrar com uma simples máquina fotográfica, com uma filmadora era algo tão raro que parecia mais proibido e difícil que entrar em um show com alguma substância ilícita.

Até houve um pequeno estresse na entrada, com aquelas costumeiras palavras proferidas de forma agradável por seguranças e porteiros, como "não estou sabendo de nada" ou "sem credencial, sem chance". Enfim, conseguimos entrar e fomos para o "Balcão Nobre", já que filmar na pista seria inútil.

Os shows foram fantásticos. Como fiquei tentando me concentrar na filmagem não deu para agitar muito, mas obviamente curti e vibrei com músicas como "Stabbed In The Back", "Gladiator", "Inferno", "Unchained Angel", "Witch's Sabbath", "Metal Knights", "Divination", "You Snooze, You Lose", "Abstract Reality" e, obviamente, "XXX". Já o Claudio Fortuna ficou abismado e tão empolgado com a qualidade de som e a postura de palco do Korzus, que afirma até os dias de hoje que preferiu o set dos brasileiros, mesmo tendo gostado bastante da performance do Nasty Savage. Eu sei, você também pensou ou já ouviu dizer que quando dão as mesmas condições e a mesma estrutura, as bandas brasileiras detonam... Uma pena que não é sempre assim.

Ao final da apresentação do Nasty Savage, fomos tentar achar o Toninho da Brigade para entregar a fita VHS com a filmagem do show e receber o pagamento. Claro que ouvimos quase as mesmas coisas: "aqui não pode entrar", "sem credencial não dá", "fazer o quê no camarim?"...

Com a entrada liberada, conseguimos até mesmo falar com todos os músicos, algo raríssimo mesmo depois de quinze anos de atuação como imprensa no meio do Heavy Metal. Dá para contar nos dedos de uma mão as vezes que conseguimos entrar em camarins ou falar com músicos de bandas após um show. Ficou surpreso com isso? É, não existe essa de credencial "all access" para a mídia não.

Falei com Nasty Ronnie e lembrei-o daquela tarde na Woodstock Discos e do Fanzine DeathCore. Como o lado fã falava muito alto e o do jornalista parecia instintivo, havia levado no bolso uma folha de papel com o provável set list e colado uma foto da banda que tinha saído em um jornal de grande circulação de São Paulo. Já que a folha estava no bolso mesmo, aproveitei para pegar autógrafo de todos.

Todos assinaram e quase preencheram a folha toda. Todos, menos o guitarrista Ben Meyer. Engraçado que na hora, ainda pensei: "Mas que cuzão esse cara!". Continuei falando com todos, menos com ele.

Aí, já em casa, peguei a folh
a de novo, tomei um susto e me senti mal... O cara tinha assinado o nome dele bem pequeno, quase imperceptível, em cima da foto que tinha sido publicada no jornal. Quem adora esta história é o meu grande amigo "anão" (2m04) Fernando "Jospeh Goose" Biava, ex-companheiro de Basquetebol e parceiro de tantos outros shows e baladas. O cara adora rir da minha cara e pede direto para eu contar para os outros esse tremendo fora que dei no camarim com o Ben Meyer.

Após a passagem pelo Brasil, o Nasty Savage seguiu promovendo o EP "Abstract Reality", mas depois substituiu seu baixista, passando a contar com o já falecido Chris Moorhouse. No ano seguinte, saiu o álbum "Penetration Point", mostrando ainda mais evolução musical. Durante aquela turnê, o baterista Curtis Beeson cedeu o posto para Rob Proctor, que esteve como músico convidado. Entretanto, problemas internos de relacionamento e na gerência dos negócios fizeram com que a banda encerrasse as atividades.

O show de retorno ocorreu somente em 1998, no festival alemão "Bang Your Head". Os fãs se animaram, mas a volta oficial ocorreu somente após o l
ançamento do EP "Wage Of Mayhem", em 2002. Aí, a vontade falou mais alto e Nasty Ronnie (vocal), Ben Meyer e David Austin (guitarras), Curtis Beeson (bateria) e Richard Bateman (baixo) voltaram ao estúdio e gravaram "Psycho Psycho", que saiu em 2004. A qualidade musical apresentada foi a mesma, mostrando que os caras não tinham perdido a mão. Fiz questão de entrevistar Nasty Ronnie e a matéria foi publicada na edição #68 da revista Roadie Crew. E, claro, perguntei sobre a "XXX", a segunda do Lado A...

ARQUIVO RB: ENTREVISTA – NASTY SAVAGE

Por que o Nasty Savage resolveu encerrar as atividades após o lançamento do álbum Penetration Point?
"Nasty" Ronnie: Nós ficamos cansados de tudo e todos sabem que, às vezes, um relacionamento se desgasta e aí você fica mesmo de saco cheio. Tivemos alguns acordos mal feitos nos negócios e também problemas com o empresariamento. Com isso, sentimos que não iríamos conseguir sair daquele ponto onde paramos e resolvemos nos separar.

Após a separação, Ben Meyer formou o Gardy Loo e gravou com o Acheron, e você tentou seguir em frente com a banda Inferno. Como foi aquela época?
Ronnie: O Inferno era apenas um projeto, algo que eu sempre quis fazer, com um som extremamente pesado, para mostrar que eu também conseguia cantar Death Metal. Não fiz tanta questão em me dedicar de corpo e alma e procurar loucamente por uma gravadora. A Cook Records lançou o álbum e ele agora é parte da história, apenas isso.

Quando vocês tiveram a ideia e a vontade de voltar para cena com o Nasty Savage?
Ronnie: Nós não planejamos nada e eu nem fazia ideia de que estaria novamente num palco e sequer gravando um novo álbum de estúdio. Mas se é u
ma coisa que você tem em seu coração, nunca perde aquele sentimento. A "destruição" voltou e agora tivemos a chance de fazer este novo álbum, depois de termos relançado o EP e o Penetration Point. Aí, a Cook Records nos ofereceu uma ótima proposta para um trabalho inédito. Por causa disso sentimos que deveríamos nos reunir e esquecer o que aconteceu no passado e olhar somente para frente, criando coisas novas para que tivéssemos um Nasty Savage versão 2004! Desta forma, todo mundo trabalhou com mais paixão e emoção no processo de composição, resultando em um álbum como o Psycho Psycho.

Antes desse retorno oficial vocês realizaram um 'reunion show'. Como foi aquela apresentação e como foi a resposta do público?
Ronnie:
Nós fizemos o festival "Bang Your Head" na Alemanha, em 1998. Aquele foi o primeiro momento que voltamos a tocar muito depois de anos de ausência, mas naquela época ainda não estávamos com o baterista Curtis. Foi muito legal
aquele show, pois puder voltar no tempo, agitar, cantar, vibrar, ficar novamente louco e quebrar TVs... (risos). Fora a emoção ao ver o público cantando conosco e gritando: "Nasty Savage, Nasty Savage...". Aquilo foi tão bom que para nós passou depressa demais. Depois ficamos mais cinco anos sem nos apresentarmos. Tudo correu bem e o que interessa é que agora estamos de volta!

Alguma razão especial por terem escolhido o título de Psycho Psycho para o novo álbum?
Ronnie:
Bem, no começo o título da música era Psycho Sexual, mas nós não sabíamos ainda qual seria
o nome que colocaríamos no álbum. Essa foi uma questão meio complicada que demoramos para resolver. Aí fizemos uma lista com o nome de todas as músicas que tínhamos composto e mais outros que vieram à mente na hora. Só que quando estávamos em estúdio gravando, muitas pessoas vieram nos visitar, alguns jornalistas, amigos e fãs. Todos eles depois que ouviram a música que antes era Psycho Sexual nos disseram que haviam curtido muito "aquela onde o refrão repetia 'Psycho Psycho'"... (risos). Aí como percebi que aquilo havia grudado de imediato na cabeça das pessoas eu resolvi mudar para Psycho Psycho. E aí acabamos usando-o não só para a música, mas também como o título do álbum. É uma música muito forte e intensa, que marca realmente e todos concordaram que seria a melhor escolha, ainda mais porque todo mundo é mesmo um pouco 'psycho psycho' (risos). Muitas coisas de nosso dia-a-dia nos deixam assim, como o trânsito caótico, as filas, a seu chefe pentelho e todos aqueles altos e baixos da vida de qualquer pessoa. Todo mundo pensa um pouco em jogar tudo para o alto e ficar um pouco 'psycho psycho' (risos).

Concordo plenamente com isto!

Ronnie: (risos) Mas isso é uma coisa que está dentro de qualquer um e todos podem explodir a qualquer momento!

E os seus 'psycho psycho fans', como estão reagindo ao novo álbum?
Ronnie:
Os nossos verdadeiros fãs ficaram extremamente contentes, animados com nossa volta e adoraram o álbum! Eles nunca achavam que poderiam nos ouvir e por isso ficaram espantados. Por sinal, convoco nossos amigos brasileiros a postar sua mensagem no guestbook de nosso site oficial! Queremos ter conhe
cimento da reação das pessoas e ler o que eles estão achando sobre o álbum e o nosso retorno! Sobre a imprensa, muitos que hoje estão trabalhando na mídia eram jovens 'headbangers' na época do Nasty Savage, há cerca de quinze ou vinte anos, e se lembram da banda com carinho, porque cresceram ouvindo nosso som! Como eles estão trabalhando no meio, seja em sites, revistas, gravadoras, rádios, casas de shows, e não deixaram de ser fãs de Metal, nos trataram muito bem. Isso é muito legal, porque as resenhas positivas superam as negativas. Parece que estamos conquistando novos fãs, pois muitos pensam que somos uma banda nova.

Quem teve a ideia de regravar a música Savage Desire, vinte anos após o lançamento da clássica Demo-Tape Wage Of Mayhem? Como vocês chegaram a Chris Jericho (Fozzy) para fazer uma participação especial nesta faixa?
Ronnie:
Vejamos as músicas da Demo. A
XXX entrou no Indulgence. A Unchained Angel saiu no Abstract Reality. Aí pensamos em trazer de volta uma música daquela época e deixá-la com a cara de 2004. Escolhemos a Savage Desire desta vez e no próximo álbum quero regravar a Witch's Sabbath! Chris Jericho veio através de um amigo e um amigo.

Pensei que o seu envolvimento com Chris Jericho tinha vindo da paixão pelo Wrestling e as Artes Marciais em geral. Ele é lutador profissional de Wrestling e é tricampeão Intercontinental da WWF!

Ronnie:
Isso também, mas foi pelo lado musical, porque o próprio Chris havia dito que era um grande fã de nosso tra
balho e que queria nos conhecer pessoalmente. Marcamos um encontro e fomos jantar. Na primeira hora de papo ele não disse outra coisa a não ser a história do Nasty Savage! Ele provou mesmo que era um verdadeiro fã, além de ser um cara legal e talentoso, porque eu escutei os álbuns do Fozzy. Ele canta bem! Tempos depois, quando fomos gravar, o convidamos e ele disse que seria uma honra participar de nosso álbum. Até hoje nos falamos de vez em quando. Sobre as Artes Marciais, eu ainda sou fanático, mas como estou muito ocupado agora com a música e outras atividades, não tenho tido tempo. Posso voltar a praticar a qualquer momento, porque é outra coisa que está no meu coração!

Ainda com relação a músicas antigas da banda, por que vocês nunca gravaram as primeiras composições, como Stormchild, Satan's Defeat, Way Of The Warlock e Vigilante?
Ronnie: São músicas boas que você lembrou! Ainda tinha a Sirens' Call! Bem, apenas acabou acontecendo e elas foram ficando para trás e a Vigilante seria uma boa pedida para uma regravação! Se bem que eu acho que já usamos algum pedaço dela em outra música e aí ficaria ruim. Way Of The Warlock é outra legal! Existem alguns discos ou fitas piratas dos anos 80 onde tocamos estas músicas e muitas pessoas correm atrás deste material raro. Eu acho que agora já contentamos os velhos fãs com a Savage Desire e, como disse, a Witch's Sabbath poderá ser outra. Vamos pensar para frente, olhar para o futuro e criar coisas novas.

Falando em coisas novas, por que resolveram mudar um pouco o 'layout' do logotipo?

Ronnie: Foi amassado e esticado um pouco, mas apenas em termos de se fixar ao contexto geral da capa.

O Nasty Savage foi uma das primeiras bandas de Metal a gravar no Morrisound Studios. Você se lembra como foram as sessões de gravação do primeiro álbum, Nasty Savage?
Ronnie: Foi bem legal! Lembro que Brian Slagel da Metal Blade foi ao estúdio quando o álbum estava sendo mixado. Nós tínhamos produzido-o junto com Jim Morris e os outros engenheiros de som de lá, que eram muito bons. Depois que o Nasty Savage e também o Savatage gravaram lá todo mundo se interessou! Até mesmo o Sepultura, Agent Steel, Death, Destruction e outras. Demos o passo inicial e o Morrisound se tornou a casa das bandas! Scott Burns veio e começou a produzir também por lá. Acho que é interessante ver que o seu trabalho foi bem analisado e que muitos seguiram o bom caminho. Ser um abre-alas no estúdio Morrisound nos deixa felizes!

Uma das melhores faixas do primeiro álbum é a No Symp
athy. É verdade que vocês a compuseram no estúdio, meio em cima da hora?
Ronnie:
Na verdade é complicado lembrar exatamente isso após tantos anos, mas eu acho que não foi feita por último. Tínhamos todas as músicas compostas quando fomos gr
avar, ensaiamos muito antes da gravação. E quando chegamos no Morrisound ainda tocamos bastante todas as composições e acho que a No Sympathy estava incluída. O processo foi totalmente o inverso do Psycho Pyscho, que fizemos inteiramente no estúdio, pois não ensaiamos nenhuma vez para gravá-lo! Todo mundo criou a sua parte em separado e nos encontramos em estúdio. Dave vive no Tennessee e só encontrei com ele três vezes antes de começar a gravar o Psycho Pyscho. Eu nunca demorei muito tempo para escrever as letras, mas só consigo quando tenho a música pronta nas mãos, com os solos e tudo mais. Preciso disto para sentir realmente a vibração de uma composição! Desta forma, após tanto tempo, fiquei como um pintor que olha para a tela em branco, mas não tem o que pintar. Eu fiquei maluco, mas quando recebi as músicas novas gravadas eu enlouqueci, e fiz como Picasso ou Van Gogh em seus quadros, usei todas as cores que tinha (risos). Tudo que estava na mente foi colocado no papel e aí saíram a Dimension 13, Psycho Pyscho, Betrayal System... Escrevi a respeito de situações de relacionamento entre as pessoas, do tratamento, as emoções e os sentimentos.

E quanto ao seu modo de cantar? Você se lembra quais foram as primeiras influências e como desenvolveu seu estilo pessoal?

Ronnie:
Sempre fui muito mais um 'performer' a um vocalista técnico e estudado. Quando era bem criança, na época de escola, o que me chamava mais a atenção era um seriado de TV chamado "West Side Story" e eu lembro das gangues lutando e depois as danças. Lembro-me também que quando meus pais e familiares falavam para mim o nome do seriado, eu saia dançado pela sala (risos). Todo mundo cantava as músicas daquela série. Aí, nos anos 80 eu disse para mim mesmo que seria vocalista de Heavy Metal. Formei uma banda e depois entrei no Nasty Savage e a razão de termos feito logo de cara m
úsicas próprias foi porque eu não conseguia cantar músicas dos outros, era muito limitado nos covers (risos). Só que se você está cantando suas próprias músicas ninguém vai falar que falta algo ou que você está fazendo errado, porque é coisa que você criou! Aí dei a ideia de nos concentrarmos na gravação de Demos ao invés de pensar em covers. Disse para o pessoal: "vamos fazer do Nasty Savage uma banda e fodam-se os covers". Eu acho que sempre você pode mudar seu estilo de tempos em tempos, por isso eu nunca parei e continuei tentando coisas diferentes. Minhas influências pessoais vem do Black Sabbath antigo e também Ian Gillan, Iron Maiden com Paul Di'Anno e Bruce Dickinson e Rob Halford. Muitos pensam que meu estilo nos falsetes e gritos são por causa do King Diamond, mas na verdade me inspirei no estilo do Rob Halford. Lembro-me escutando aquela música do Judas Priest, Exciter e outras do álbum Stained Class, e ficava tentando chegar às notas mais altas. Mas aí você aprende a controlar e como chegar nelas. Foi o que fiz e adaptei ao meu estilo. No Psycho Pyscho eu não tive que cantar em cima de passagens complicadas e partes difíceis como aconteceu no passado e por isso pude realizar um trabalho diferente. No Abstract Reality sim, eu achei mesmo que estava cantando sério (risos). Lembra da Eromantic Vertigo? Sempre encaro como um desafio, pois se você não encarar desse modo, não vai evoluir e curtir e aí o melhor que faz é parar.

Como você mesmo disse, sempre pensou em tentar coisas novas. Foi por isso que no segundo álbum, Indulgence, você deixou de lado os falsetes e as notas altas e adotou um estilo mais agressivo?
Ronnie: É complicado mudar completamente, porque mesmo no Indulgence ainda cantei algumas notas mais altas e uns agudos. Só que da mesma forma que alguns aprovam as mudanças, outros só ficam questionando a respeito disso. No Psycho Psycho eu fiz realmente o que queria, sem qualquer influência. Bem, eu trabalhei no estúdio com Donald Tardy o baterista do Obituary e Mark Prator, engenheiro de som e também baterista. Toda vez que eu falei que ia dar um grito ou elevar a voz mais para o agudo, lá vinham eles: "Puxa irmão, outro desses..." (risos). Eu estava contra todos e disse "foda-se, farei do jeito que queria mesmo". Só que tenho consciência de tem os que querem escutá-los e os outros que não gostam e preferem o agressivo e o gutural.

Schmier, baixista e vocalista do Destruction, passou pelo mesmo, porque quando ele parou de dar os agudos e notas mais altas nos gritos, muitos fãs reclamaram. Agora ele voltou a usá-los...

Ronnie:
É normal que aconteça isso e eu o conheço bem porque fizemos algumas baladas juntos, já que eles também gravaram aqui em Tampa, no Morrisound. Na verdade, você não pode fazer querer agradar a todos, mas também não dá para obedecer aquele que pensa que é o "Sr. Metal", o sabe-tudo, entende? Faça o que está no coração, porque muitos desses são meros modistas e depois poderão estar escutando outro tipo de som. E isso vale não só na música, mas em nossa vida.

Como foi o começo da sua carreira? Por que sua primeira banda, Crionic Dogs, não vingou?

Ronnie:
Crionic Dogs... Bem, era apenas uma banda de garagem. Eu ficava nervoso naquela época quando estava cantando (risos). Tocávamos alguns covers e tínhamos somente uma música própria, a Red Devil Massage, que até hoje nem sei do que se trata. Bem, foi um aprendizado até que eu chegasse ao Nasty Savage.

No início o Nasty Savage tinha uma vocalista mulher...
Ronnie:
Sim, naquela época se chamava Nightmare e tinha mesmo uma garota no vocal, além de Fred Dreschigan no baixo, Ben Meyer na guitarra e Craig Huffman na bateria. Lembro que os vi em algumas baladas e tempos depois fiquei sabendo que eles estavam procurando um vocalista. Fui atrás e fiz o ensaio com eles. Acho que cantei umas quatro vezes a Wrathchild do Iron Maiden. Depois de um mês ninguém me disse se eu havia sido aceito na banda até que eu os encontrei numa festa e perguntei se estava dentro. Eles disseram que sim e no dia seguinte eu cheguei já com o nome Nasty Savage em mente e disse para eles. Estava bem consciente que queria eu falei também que eu seria "Nasty" Ronnie e que nós iríamos compor músicas próprias, juntar dinheiro para gravar um Demo de quatro faixas. Depois iríamos buscar uma gravadora, lançar um álbum, fazer turnês e ter uma carreira. Um ano depois tudo isso aconteceu, porque planejamos e aquele era nosso objetivo!

Como surgiu a oportunidade de fazer parte do cast da coletânea Metal Massacre 6 da Metal Blade, com a faixa XXX?
Ronnie:
Quando gravamos a Demo eu comecei a mandar para todas as gravadoras, lojas, rádios, fanzines, fãs de Metal e tudo quanto é lugar que tinha endereço que tinha alguma conexão com o Metal! Em nossos shows eu sempre fiz questão de termos fotógrafos próprios e acesso total para repórteres, pois assim eu mesmo poderia mandar nossas fotos para revistas. Aí muitas deles nos colocaram na capa e foi gratificante para nós porque deu resultad
o. Além disso, uma rádio no Texas que tocava nosso som sem parar. Foi ele que mandou a fita para Metal Blade e fez com que fizéssemos shows por lá, mesmo sem ter álbum lançado. E nessa época toda vez que íamos tocar fora, como eu morava com minha família, eu telefonava para minha mãe para saber como estavam as coisas e se tinham chegado cartas para mim em nome da banda. Toda vez ela dizia que tinham muitos pedidos para envio de nossa Demo, acho que vinte ou trinta cartas por dia. Aí, um dia ela disse que tinha uma carta em nome da Metal Blade Records. Eu logo pedi para que ela lesse a carta inteira. Bem, dizia que a gravadora havia se interessado pelo nosso trabalho, queria incluir uma música na coletânea Metal Massacre 6 e assinar conosco para um álbum. Preciso falar minha reação? (risos).

Como está a relação do Nasty Savage e a Metal Blade atualmente?

Ronnie:
Hoje em dia trabalhamos com el
es apenas na Europa, mas por lá está indo tudo bem e eles sabem trabalhar na promoção de uma banda. É bom sentir que eles sabem cuidar de seus negócios, porque investiram dinheiro e tenho certeza que querem retorno. Bem, até o momento não temos nada do que reclamar e está indo tudo muito bem.

Qual o álbum mais vendido da carreira da banda?

Ronnie:
Acho que todos mantiveram a mesma média. Não tivemos aquele estouro, mas também nenhuma decepção.

Haverá uma turnê de promoção ao Psycho Psycho?

Ronnie:
Bem, após a entrevista irei embarcar para o Brasil (risos). Brincadeira... Nós poderemos fazer uma turnê pela Europa, mas penso que se for para fazermos algo a este respeito, tem que ser uma coisa concreta e que vá dar bons frutos para a banda. Quando você fica mais velho, maduro, tem que pensar mais nos negócios porque você não é mais aquele jovem bobão, no bom senti
do, mas que faz qualquer coisa e fica alegre. Tenho minha família, meus filhos, contas a pagar e minha empresa, onde produzo um programa de TV, chamado "Born To Ride", sobre motocicletas e tudo que envolve esta área. Aliás, quem tiver interesse em motociclismo, basta entrar no site www.borntoride.com.

O Nasty Savage estaria preparado para uma nova passagem pelo Brasil?
Ronnie:
Sim, claro! Amamos o Brasil! O Psycho Psycho será lançado no Brasil, pela mesma gravadora que lançou um CD ao vivo nosso, Live In Clevland 1987 (N.R.: Marquee Records). Se tudo correr bem, poderemos fazer algumas datas por aí e rever nosso fãs brasileiros. A música Welcome Wagon (N.R.: faixa de abertura do álbum Penetration Point) já diz tudo no verso: "I'd like to go back to São Paulo / South America Down in Brazil / Then it was off To Rio De Janeiro / I was still thinking About São Paulo / The beautiful beaches Of Ipane
ma wasn't long / We saw the Tonga / Over the mountains Through the jungles On our way to Humberto's place / South America down in Brazil". Bem, preciso falar mais alguma coisa? (risos) Já falei sobre o Brasil nesta música, porque adoramos nossa estada por aí, as pessoas são muito amáveis e visitamos belos lugares. Além disso, os brasileiros sabem como fazer uma festa e se divertir, além de serem grandes fãs de Metal! Ah, e queremos muito comer nas churrascarias daí, que são absurdas de boas (risos). O cristo redentor no Rio também dá uma força e aquela vista nos pontos turísticos, as mulheres muito bonitas e gostosas. Adoraríamos voltar!

Sobre a performance da banda no palco, de quem veio a ideia de você quebrar uma TV e o baterista Curtis cuspir fogo após o solo, entre outras coisas 'psycho' que a banda faz nos shows?
Ronnie: Gostei das observações sobre coisas 'psycho' (risos). A ideia surgiu logo no início da banda, porque eu mesmo sofri influências nas loucuras dos shows da Wendy O. Williams (N.R.: falecida ex-vocalista do Plasmatics). Eu fui naquela linha e começamos com as nossas maluquices. Desde nosso primeiro show sempre tivemos esse lado cênico muito forte e que dá ainda mais força ao espetáculo. Lembro que uma vez quebrei duas TVs em Tampa e aquele foi um show sangrento. Também quase nos baniram em New Jersey, proibindo-me de quebrar a TV no palco no peito como eu fazia. Eu disse que aquilo era besteira e que eu faria de qualquer jeito (risos).

Falando em acidentes, vocês chegaram a ter problemas com incêndio ou fogo? Não estou falando de tragédias, como o ocorrido com o Great White, mas algo que aconteceu com Curtis cuspindo fogo após o solo de bateria...

Ronnie:
Tivemos alguns probleminhas e eu até ajudei a apagar com toalhas molhadas, se é que aquilo ajudou mesmo (risos). Isto sempre acontecia em clubes de menor porte, mas já aconteceu de pegar foto no teto de alguns lugares, mas nada como a enorme tragédia que aconteceu com o Great White. Você tem que tomar o máximo de cuidado!

O Nasty Savage dividiu o palco com bandas como DxRxIx, Hallows Eve, Slayer, Exumer, Atomkraft, Korzus e outras. Quais foram os grandes momentos e os shows inesquecíveis?

Ronnie: Muitos nos Estados Unidos, mas claro que não vou deixar de citar os shows no Brasil, no Rio de Janeiro e São Paulo, que foram muito bons. Tocar na Polônia para quinze mil pessoas foi marcante também. Outro que marcou foi o "Bang Your Head" na Alemanha, em 1998, que nos trouxe de volta. Gosto de relembrar aquela cena da Flórida também, onde abrimos caminho de algum modo e não esqueço de que músicos de bandas como Morbid Angel, Obituary sempre estavam presentes em nossos shows, antes mesmo de formarem suas bandas. O falecido Chuck do Death costumava fazer baladas conosco também e aquela época era bem legal! Agora também os shows que estamos fazendo estão sendo muito legais e estamos nos aprimorando a cada apresentação, por isso a mais recente é sempre a mais legal. Acho que no futuro será ainda melhor, pois o set estará mais insano e doente! As pessoas me perguntam se não estou muito velho para fazer Heavy Metal, quebrar TVs no palco e cantar como um louco, mas eu lhes digo: "Vão se fuder! Se pensam que estou acabado que vejam a intensidade nossos shows". Não quero ficar sentado só falando coisas como "eu era", "eu costuma ser vocalista de uma banda", "um dia eu fiz isso", porque agora é o que conta!

Esse pessoal então nem conhece Ronnie James Dio, Alice Cooper, Ian Gillan...

Ronnie:
Claro, são mestres que estão na ativa até hoje! Este é o ponto chave e você melhora com o passar do tempo. A maturidade ajuda o músico e também em nossa vida pessoal. Está certo que vários momentos do passado são inesquecíveis e todos nós temos nosso lado saudosista, mas olhar para frente tendo um objetivo é o que mais conta. Quando você toca em um festival de Metal, são trinta ou mais bandas como a sua e o que irá fazer com que você se destaque é a sua performance no palco. Se for um show matador, todos irão comentar, caso contrário, será apenas mais uma que tocou. Não damos espaço nem para uma pessoa sair para pegar sua cerveja, porque se for irá perder algo!

Sendo um grande exemplo do Metal dos anos 80, como você compararia a cena daquela época com a que temos atualmente?

Ronnie:
Com a Internet, é incrível a velocidade de como as notícias se espalham. Tudo acontece como que num piscar de olhos. Só que, infelizmente, a cena americana para mim é uma merda. Acho que os americanos às vezes são muito modistas, caem em qualquer embalo. Um dia são Metal, Hard Rock e no outro gostam de Grunge e agora do Slipknot e Limp Biskit. Porra, o que é isto? Apóiem o verdadeiro Metal, aquilo que não é tendencioso, falso, fingido, modista! Os europeus e os sul-americanos são bem mais fiéis e verdadeiros. Se eles gostam de uma banda, não deixarão de gostar de um dia para o outro. A situação do Metal nos EUA não está tão boa assim, a não ser para nomes como Slayer, por exemplo.

Quais são os planos para o futuro?

Ronnie:
Agendar shows e esperar que o álbum seja bem aceito e que venda, porque só assim poderemos voltar ao Brasil e tocar na Europa. Precisamos de um clipe, de um DVD, de estar novamente na mídia e se isso não acontecer, nosso nome não será ampliado aqui nos Estados Unidos. Quero muito que todos os nossos fãs escutem o Psycho Psycho e que nos ajudem e ter ainda mais sucesso que no passado! Quando uma pessoa gasta o seu dinheiro suado comprando algum material nosso, isso significa muito para nós, pois sabemos que não podemos desapontá-la! Gostamos de conversar com fãs, dar autógrafos e você deve ser real e não o "Senhor Rockstar". Temos muito trabalho a fazer, estamos sem empresário, mas vamos ver o que acontece.

Site: www.nastysavage.com