quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Arquivo Entrevista: SCHMIER (Destruction)

O trio alemão Destruction foi peça fundamental para a expansão do Thrash Metal nos anos 80, com o lançamento de trabalhos que se tornaram clássicos do estilo, como o EP "Sentence Of Death" e os álbuns Infernal Overkill e Bestial Devastation. Direto de Nijmegen (HOL), no backstage do "Dynamo", o vocalista e baixista Schmier comentou sobre este festejado retorno.

Há exatos treze anos o Destruction se apresentou no festival "Dynamo", na Holanda. Faça um parâmetro entre as apresentações da banda nestas fases distintas.
Schmier: Nossa, já se passaram treze anos! O mais curioso é que o Testament também esteve presente naquela edição do 'Dynamo'. Tocar neste festival é sempre muito importante para qualquer banda, pois é um evento que tem um nome muito forte na Europa e no mundo.

E quanto ao público, como você compararia a cena naquela época para os dias atuais?
Schmier: A década de 80 foi fantástica, o público estava sedento por novidades e o Heavy Metal começava a se tornar mais popular. Tudo era mais selvagem, tínhamos um certa desconfiança dos meios de comunicação e até da polícia. Atualmente temos as bandas ‘mainstream’, o estilo é bem aceito, até com certa normalidade. Você pode tranqüilamente ter seus cabelos longos, tatuagem, os festivais, como o Dynamo e Wacken, são uma realidade. Estivemos lutando por isto há muito tempo e toda esta movimentação mostra que o Heavy Metal nunca vai morrer e isto é o mais importante de tudo.

No Brasil, o Destruction sempre foi aclamado como uma das grandes bandas de Thrash Metal em todos os tempos. Quais são suas recordações do show no Brasil?
Schmier: Foi uma grande apresentação, o Sepultura estava lá. Sempre vamos nos lembrar do Brasil e é sempre uma grande honra tocar na América do Sul. Temos shows agendados no México e depois iremos para a América do Sul, provavelmente a Colômbia, Argentina e com certeza o Brasil será incluído. Juro que até o final do ano iremos tocar novamente na América do Sul.

No "Dynamo" vocês fizeram um set curto, mas você poderia nos adiantar algo sobre um show completo do Destruction?
Schmier: Como era um festival, todas as bandas tiveram seu set reduzido, mas  nosso show tem 1h30 de duração. No 'Dynamo' nós mesclamos músicas novas com os velhos clássicos do Destruction de uma forma bem compacta. Na verdade, não estávamos na escalação oficial do festival, mas o Entombed foi cancelado e nos convidaram. Não tínhamos um show ensaiado porque estamos em fase de promoção do novo álbum, mas, dissemos: “A Holanda é legal, vamos tocar e nos divertir”. Foi isto que aconteceu e o prazer foi enorme. O público não estava nos esperando e isto foi ainda mais legal, pois reagiram bem e o show foi crescendo em emoção até que no final todos estavam agitando muito, como nos velhos tempos. Deu para dizer: “Estamos de volta!”.

Para a versão americana do novo álbum, "All Hell Breaks Loose", vocês incluíram um cover de "Whiplash" do Metallica. Isto foi uma exigência para o mercado norte-americano?
Schmier: Não, absolutamente! "Kill 'Em All" é um marco da história do Heavy Metal e nós tocávamos esta música há quinze anos. Quando estávamos em estúdio fazendo ajustes no som, nos timbres dos instrumentos, começamos a tocá-la. O produtor Peter Tägtgren ficou empolgado e pediu para que gravássemos e o que era apenas diversão agora vai sair no CD. E o melhor é que ela ficou poderosa e com a cara do Destruction.

A sonoridade de "All Hell Breaks Loose" difere um pouco dos trabalhos que vocês fizeram no início da carreira, mas a marca do Destruction foi mantida, pois sem você e Mike a banda não é a mesma...
Schmier: Obrigado. Este é um álbum que você deve ouvir mais de uma vez para tirar as conclusões. É um som rápido, técnico e nossas raízes estão lá, ou seja, Thrash Metal com a cara do Destruction. Nunca quisemos seguir novas tendências ou modas. 

Muitas bandas de renome nos anos 80 estão retornando, como Venom, Armored Saint, Metal Church. Você sente que este ‘revival’ é uma coisa saudável e honesta ou apenas uma oportunidade que os músicos estão vendo para ganhar dinheiro?
Schmier: Algumas bandas que estão voltando também são minhas favoritas, como as que você mencionou, o Venom e o Metal Church. Se o retorno à ativa vem do coração e o músico sente a mesma vontade, garra e anseia tocar por prazer estou plenamente de acordo, não importa o quanto a banda tenha sido importante ou não no passado. Se forem aqueles que abandonaram o Heavy Metal e estão vendo a boa fase como forma de promoção para ganhar dinheiro, acho isto uma  merda, danem-se estes. O público irá julgá-los, pois irão sentir se a reunião é uma farsa ou realidade. Posso dizer que voltamos para detonar!

Qual o significado de "Visual Prostitution"?
Schmier: É uma crítica à televisão em geral, vejo muitas coisas que até me enojam. Não somos obrigados a ver tanta coisa feia e histórias que não fazem sentido algum para nossas vidas. Só aparece gente feia na televisão, é uma coisa horrível!

E quanto ao baterista Sven, ele tocava em alguma outra banda antes de se unir ao Destruction?
Schmier: Sven tocou em várias bandas de Thrash Metal e sempre foi um grande fã da banda, além de um amigo próximo. 

Quando você montou o Headhunter, criou um novo estilo para sua voz e um som mais melódico. Por que a banda não vingou?
Schmier: Tentei criar algo novo, pois se tinha deixado o Destruction não havia motivo para montar outra banda e fazer o mesmo tipo de som. Os músicos que estavam comigo eram competentes, foi uma fase muito boa, mas não deu certo por muito tempo. Na verdade minha vida é com o Destruction!

Entrevista publicada na edição #22 da revista ROADIE CREW (julho de 2000)

Nenhum comentário:

Postar um comentário