quinta-feira, 1 de maio de 2008

Arquivo Entrevista: MARK SIMPSON (Flotsam & Jetsam)

A banda norte-americana de Phoenix/Arizona Flotsam & Jetsam não é apenas aquela que revelou o baixista Jason Newested. "My God", seu oitavo álbum de estúdio, foi lançado no último dia 22 de maio pela Metal Blade Records e o quinteto formado por Eric A.K. (vocal), Jason B. Ward (baixo), Ed Carlson e Mark Simpson (guitarras) e Craig Neilsen (bateria) espera que o novo material contente os velhos fãs. Repetir o mesmo sucesso dos álbuns "Doomsday for the Deceiver" (1986), "No Place for Disgrace" (1988), "When The Storm Comes Down" (1990) e "Cuatro" (1992), este último o mais bem sucedido dos 15 anos de carreira, é uma tarefa mais complicada. O Flotsam & Jetsam passou por momentos delicados em sua trajetória, problemas com o antigo empresário, troca de integrantes e de gravadoras, mas soube sobreviver com dignidade no cenário norte-americano dos anos 90, que foi nivelado por baixo com a onda Grunge. O guitarrista Mark Simpson nos conta todos os detalhes sobre "My God", álbum que promete trazer de volta a banda ao patamar mais alto do cenário.

O Flotsam & Jetsam não costuma repetir a mesma fórmula em seus álbuns, mas como se deu o processo de criação do álbum mais recente, "My God"?
Mark Simpson: Trabalhamos cerca de um ano em cima deste material. É verdade, não costumamos nos concentrar em fazer sempre as mesmas coisas e como as idéias vêm fluindo com muita naturalidade desde o álbum anterior, este novo trabalho tem sua própria identidade musical. Quanto às letras, tudo ficou a cargo de Erik.

Mas o título do álbum e da faixa-título não foi idéia de Jason Ward?
Mark: Tanto o título como a concepção da capa do álbum foram idéias de Jason. Tínhamos pensado em várias possibilidades para a arte da capa e inicialmente o álbum seria chamado Obsessive Repulsive ou apenas de Flotsam & Jetsam. Mas, como queríamos uma capa que chamasse a atenção, que fizesse as pessoas pensarem: “que diabos isto significa!”. Quando Erik estava no estúdio gravando os vocais, Jason veio com a idéia para a capa e nós concordamos de imediato. Tínhamos pouco tempo para finalizar tudo, mas felizmente conseguimos. O resultado final ficou muito bom.

Qual é o conceito básico do tema do álbum, existe alguma conexão com conflitos religiosos?
Mark: Fala sobre o que está acontecendo entre Israel e a Palestina. Não é um álbum conceitual, apenas a faixa-título tem esta temática. 

O produtor Bill Metoyer não trabalhou com a banda no álbum "Unnatural Selection" (1999), mas este envolvido na produção de "My God". Por que vocês decidiram trazê-lo de volta?
Mark: Bill não nos produziu em "Unnatural Selection" mas queríamos que ele tivesse trabalhado conosco naquela ocasião. Tivemos sérios problemas com nosso empresário e tivemos que trabalhar com outro produtor, de Phoenix. Mas, desta vez, tivemos toda a autonomia para escolher e optamos por Bill sem sequer cogitarmos outro profissional.

Bill Metoyer tem autonomia para mudar tudo que achar necessário quando está trabalhando com vocês?
Mark: Ele não procura mexer muito nas músicas, somente nos passa suas idéias e o que acredita que pode ser melhorado. Nós costumamos discutir abertamente, sem nenhum tipo de conflito. Quando se está em estúdio, o melhor é ficar 100% concentrado e por isso as reuniões são importantes, porque muitas vezes você pode deixar passar em branco uma grande idéia por estar com pressa ou afobado.

A faixa "Dig Me Up To Bury Me" é bem Thrash e me lembrou a banda Death Angel. Você concorda com esta comparação?
Mark: Nossa, Death Angel! (risos) Não tinha pensado nesta conexão antes, mas gosto muito do Death Angel. Queríamos incluir faixas bem Thrash neste álbum, mas não que todas deveriam soar muito agressivas. Como você bem disse, não costumamos nos repetir e acredito que cada música tem seu impacto. Umas são mais pesadas, outras mais leves e é isto que torna o álbum interessante.

A faixa "Learn To Dance" é muito cativante e o riff de guitarra foi inspirado em Windows Rose. O que significa isto, é uma banda de Metal?
Mark: Sim! Quando Jason Newested se mudou de Chicago para Phoenix ele estava numa banda chamada Windows Rose e acredito que esta tenha sido uma das primeiras músicas que compôs em sua carreira. Sempre pensamos em usar riff principal desta música. Desta vez tentamos novamente e soou legal. Depois Erik encaixou uma letra legal. Certamente iremos incluí-la no set list da próxima turnê.    

O Heavy Metal tem uma grande recepção na Europa, América do Sul e Japão. Fora dos EUA, qual é o melhor mercado para a banda?
Mark: Desde que estamos com a Metal Blade a Europa costuma ser um grande mercado, especialmente na Alemanha. Começaremos nossa turnê em setembro pelos EUA. Em outubro seguiremos para a Europa, mas não sei se passaremos pela América do Sul.

Você acredita que a MCA brecou a progressão da banda para atingir o topo depois do lançamento do álbum "When The Storm Comes Down" (1990)?
Mark: Com certeza! Nada foi lançado na Europa naquela época e esta não era nossa intenção, havia muita coisa acontecendo e eles nos deixaram de lado. Não nos ajudaram, mas agora estamos com a Metal Blade, que sabe divulgar bem uma banda como a nossa.

Você está na banda desde 1997, mas saberia nos dizer qual o álbum da banda atingiu a maior vendagem?
Mark: Esta é difícil, mas acredito que seja o álbum "Cuatro", que recebeu disco de ouro. Na verdade, todos os álbuns lançados pela Metal Blade venderam bem. Não é qualquer um que vende mais de 1 milhão de cópias e isto é muito importante para uma banda.

A maioria das bandas de Hard Rock e Heavy Metal dos EUA costuma  declarar que atualmente não é bom passar mais de três semanas fazendo turnês, você concorda?
Mark: Concordo. Normalmente nossa turnê também não passa de três semanas. Em nosso caso, temos família para criar e ficar fora de nossa cidade por mais tempo torna-se prejudicial. Quando fazemos uma turnê pelos EUA preferimos passar este tempo na estrada, dar um tempo e depois voltar para mais três semanas, por exemplo, na Europa.

Recentemente o Overkill tocou no Brasil e o show em São Paulo foi memorável. Você concorda que as bandas de Thrash Metal injetam uma grande dose de energia nos shows e comparando-as com as da atual safra norte-americana conseguem um resultado muito melhor?
Mark: Lógico, porque nosso tipo de música é muito mais intenso e energético. A adrenalina sobe mesmo! Conhecemos o pessoal do Sepultura e imaginamos como deve ser um show no Brasil. As atuais bandas dos EUA tocam para um público basicamente formado por jovens e adolescentes, que num futuro próximo estarão ouvindo outro tipo de música.

Para uma banda que tem oito álbuns discos é complicado montar o set list dos shows?
Mark: (risos) É muito difícil, estamos justamente fazendo isto no momento. Temos que colocar pelo menos 90 músicas e somente de 12 a 15 são selecionadas para o set list dos shows. Além disso, temos que pensar em divulgar o novo álbum. Costumamos tocar músicas de todos os álbuns durante as turnês. Estamos planejando uma turnê pelos EUA como ‘headliners’ para o próximo mês de setembro.

Você tem outros projetos paralelos, sendo um deles o Electric Pickles, mas você sabe que existe um grupo de humoristas do Tennessee (EUA) com o mesmo nome?
Mark: Nossa, eu não sabia disto. Poderíamos nos juntar a este grupo de humoristas, pois seria muito mais engraçado para o público, porque o show do Electric Pickles já é um tanto hilário! (risos) Na realidade este é um projeto de Ed e Erik, no qual Jason Ward toca até saxofone!

Entrevista publicada na edição #32 da revista ROADIE CREW (agosto de 2001)

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