segunda-feira, 7 de julho de 2008

Arquivo Entrevista: JOHN GALLAGHER (Raven)

O trio inglês Raven foi formado em 1974 e conseguiu grande impacto com seus primeiros álbuns, "Rock Until You Drop" (1981), "Wiped Out" (1982) e "All For One" (1983). O Metal com alma Rock and Roll foi rotulado por eles de "Athletic Rock", uma forma de classificar a energia e vibração com que os lunáticos irmãos John Gallagher (vocal e baixo), Mark Gallagher (guitarra) e o baterista Rob 'Wacko' Hunter (bateria) tocavam, fato que foi comprovado com o álbum ao vivo "Live At The Inferno", lançado em 1984. Depois, foram contratados pela gravadora Atlantic, que queria aproximar o som ao Hard Rock, que dominava as paradas de sucesso. Nesta época, o Raven conseguiu grande repercussão, mas os trabalhos foram pichados pelos fãs mais antigos. Depois que se livrou da Atlantic, ocorreu a saída do batera Wacko, substituído por Joe Hasselvander, mas o trio voltou a fazer o que queria e recentemente lançou seu 14º álbum, "One For All". Com a palavra o líder John Gallagher...

Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo por seu aniversário (N.R.: No dia 08 de outubro John fez 42 anos). Vocês fizeram alguma festa para comemorar?
John Gallagher: Muito obrigado! Não fizemos festa desta vez. Na verdade, comemorei meu aniversário dormindo porque detonamos muito na noite anterior (risos).

O novo álbum, "One For All", mostra uma veia bem anos 80, trazendo de volta o estilo "Athletic Rock" do Raven. Isto foi algo proposital, já que o título tem conexão com o álbum "All For One", lançado em 1983?
John: Acredito que o novo álbum tem a mesma vibração mas não sinto que seja uma busca ao passado, pois já estamos fazendo o mesmo tipo de som há um bom tempo. Colocamos o nome "One For All" simplesmente por brincadeira. Outra razão foi de termos voltado a trabalhar com Michael Wagener, que também produziu o "All For One".

Por isso vocês optaram por não produzir o álbum, assim como fizeram com "Everything Louder", lançado em 1997?
John: Gosto muito do "Everything Louder" mas queríamos obter um pouco mais de 'punch' no som. Quando estávamos justamente pensando nisto, Michael Wagener entrou em contato conosco e como somos amigos há muito tempo, tudo se encaixou perfeitamente e o resultado está em "One For All".

Como está a vendagem do novo álbum? A resposta dos fãs tem sido favorável?
John: Sim, este é nosso álbum mais vendido dos últimos tempos. Isto está sendo muito bom, ainda mais porque ele também foi lançado nos Estados Unidos. A promoção está muito boa e sei que o álbum também saiu no Brasil. estou contente com tudo que está acontecendo atualmente.

Atualmente muitas bandas antigas estão retornando. Você acredita que isto pode fortalecer ainda mais o cenário do Heavy Metal?
John: Não posso precisar, mas provavelmente é uma boa. Estou realmente contente com a volta do Metal no geral, o estilo está voltando a crescer e isto é o mais importante. Estou falando sobre o real Metal, não estas novas bandas que muita gente teima em classificar como Metal mas que não são, especialmente as americanas.

Sei que você gosta de Black Sabbath, Slade, Deep Purple, The Who, Status Quo e Aerosmith. No novo álbum vocês gravaram uma cover do Status Quo, "Big Fat Mama", e no álbum "Glow" saiu uma do Thin Lizzy, The Rocker. Estas bandas que citei chegaram a influenciar o som do Raven?
John: De fato quando éramos jovens, estas eram nossas grandes influências. Desta forma, conseguimos fazer um som único, porque ainda não tínhamos ouvido Judas Priest e bandas desta categoria, por isso nossa base é diferente. Ouvíamos Budgie, Blue Oÿster Cult, Black Sabbath, Deep Purple e aprendemos muito com estas bandas. Quanto aos covers, toda vez que estamos ensaiando, fazemos algum cover, mesmo que por brincadeira, para relaxar um pouco. Mas, às vezes, fica tão legal que gravamos e incluímos nos álbuns. 

Mas, você acredita que podemos colocar o Raven lado a lado com bandas como Motörhead e Twisted Sister, porque tocam Heavy Metal com uma vibração bem próxima do Rock'n'Roll?
John: Acredito que sim, porque o Rock'n'Roll sempre fez parte de nossa sonoridade, é nossa raiz. Somos Heavy Metal, mas como disse anteriormente, ouvíamos muito as bandas que faziam Rock'n'Roll, como Status Quo e Slade.

Quando a banda trabalhou na Atlantic Records você declarou que o Raven estava se tornando popular mas vocês se sentiam como escravos. O que realmente aconteceu na época que lançaram os álbuns "Stay Hard" (1984), "The Pack Is Back" (1985) e "Life's A Bitch" (1987)?
John: Tivemos muitos problemas com empresários. Estávamos morando nos Estados Unidos naquela época e eles queriam nos transformar numa máquina de dinheiro. Isto começou a ficar chato porque eles estavam começando a interferir muito em nosso som. Estavam dando ordens sobre o direcionamento musical que deveríamos seguir, mas deveriam ter nos deixado livres para compor o que estivéssemos aptos e com vontade de tocar. A situação ficou ruim, porque sei que se estou com a banda até hoje é porque faço o que quero e não o que os outros estão com vontade que eu faça! Eles queriam mexer na produção dos álbuns para deixar nosso som mais Pop. Sei que eles colocaram a mão em muitas bases de guitarra daqueles álbuns para que soassem mais limpas. Sei que as músicas são boas, mas não é o Raven! Depois nos livramos deles e passamos novamente a gravar somente o que queríamos. Se nós não gostarmos de nosso próprio som, quem é que vai? Não concordava com aquilo! Você acha que podíamos soar como Britney Spears?...(risos) 

Vocês fizeram turnês com bandas como Metallica, Anthrax, Accept, Anvil, Mercyful Fate, Judas Priest, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Demon, Ted Nugent, Whitesnake, Tank e Hammerfall. Qual destas foi a melhor?
John: Todas estas que você citou foram bem legais! Tivemos grandes momentos com o pessoal do Metallica, Anthrax, Motörhead e Judas Priest. É sempre legal tocar com bandas que você escuta e gosta do som, principalmente as mais antigas, como Judas Priest, Motörhead e também o Whitesnake.

Por que o Raven não tocou este ano nos grandes festivais europeus, como o Dynamo na Holanda, Gods Of Metal na Itália e Wacken na Alemanha?
John: Esta pergunta é a resposta do por que mudamos de gravadora (risos). Já estamos negociando para tocar em grandes festivais no ano que vem, como o "Wacken". Gostaria muito de tocar no "Gods Of Metal", "Bang Your Head" e "Wacken". Tocamos da mesma forma em palcos pequenos ou nos de grande proporção, nossa energia é a mesma. Não importa também se tocamos à noite ou de dia, porque não acredito que efeitos de luzes importam muito, o principal é a música que sai dos amplificadores! Preciso dizer que gostaria muito de tocar no Brasil e espero poder estar aí algum dia.

Entrevista publicada na edição #24 da revista ROADIE CREW (novembro de 2000)

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