terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Arquivo Entrevista: LIV KRISTINE (Theatre Of Tragedy)

A vocalista norueguesa Liv Kristine Espenaes, 26 anos de idade, ficou mundialmente famosa com a banda Theatre Of Tragedy, que ajudou a fundar quando estava completando 18 anos. Formada atualmente por Liv, Raymond I. Rohonniy (vocal), Hein Frode Hansen (bateria), Lorentz Aspen (teclado), Frank Claussen e Vegard K. Thorsen (guitarras), a banda assustou os antigos fãs com seus dois últimos trabalhos de estúdio, Musique (2000) e Assembly (2002), onde a sonoridade adotada segue uma linha bem mais Pop e ainda conta com vários elementos eletrônicos vindos da Dance Music. Apesar da mudança ter causado espanto, Liv conseguiu manter a classe e criou um novo estilo de cantar. Sua iniciação na música começou antes mesmo que começasse a falar e com uma técnica apurada e uma voz angelical, teve seu auge com o lançamento do álbum Aégis (1998), tornando-se referência para as vocalistas das bandas de Metal Gótico, estilo que vem sendo muito bem aceito na Europa e também no Brasil.

Qual a razão principal de toda essa mudança no seu estilo de cantar, principalmente no novo álbum, Assembly?
Liv Kristine Espenaes: Na verdade eu não planejei nada antes de entrar no estúdio para gravar. Como demoramos muito para gravar os Demo-Tapes, não tive nem como preparar as coisas com antecedência. Quando recebi as fitas, obviamente percebi que a música do Theatre Of Tragedy tinha mudado e achei que seria o momento ideal para eu também fizesse algo diferente. Quando fui gravar, o produtor Hilli Hilesma me ajudou muito no desenvolvimento deste novo estilo de cantar. Ele sempre me incentiva e nunca descartava as possibilidades. Eu cantava alguma coisa e ele logo dizia: “Vamos tentar uma tonalidade mais baixa”. Foi o que fiz e soou legal. Terminei minha parte em três dias e estou contente com o que fiz. Depois de 20 anos de um soprano angelical era tempo de mudar.

Vinte anos! Quando você começou a cantar?
Liv: Meus pais sempre me disseram que eu comecei a cantar antes mesmo de aprender a falar (risos). Quando estava com apenas 5 anos de idade já me interessava muito em música e costumava ouvir bandas como Black Sabbath, Led Zeppelin e Abba. Já por volta dos 8 ou 9 anos eu comecei a criar minhas próprias músicas e minha primeira banda foi aos 12 anos. Esta banda foi formada com uma amiga de classe da escola. Depois continuei e não parei mais, pois com 18 anos formamos o Theatre Of Tragedy. Á exceção do amor, a música é a coisa mais importante da minha vida.

Você gosta de outras bandas com vocais femininos?
Liv: Sim, gosto muito do Nighwish e aprecio muito o estilo de Tarja. Ela canta muito, é fantástica. A vocalista do Tristania também tem muito talento. Existem outras bandas no meio Gótico que contam com vocalistas mulheres que não são tão talentosas. Pessoalmente gosto muito da Madonna, acho que carrego isso desde os cinco anos (risos).

Como o estilo da banda atualmente está mesclando o Rock Gótico eletrônico com um Pop dançante, você tem intenção de seguir sua carreira seguindo a linha de artistas como Madonna ou Björk?
Liv: Essa é uma boa pergunta, nunca tinham me perguntado isso. Nunca pensei nisso. Sempre que vou gravar ou fazer um show, penso no meu trabalho naquele instante. Nunca sei o que vai acontecer no futuro e nem me inspiro em ninguém, faço o que meu coração e minha alma mandam. Madonna e Björk são famosas, mas espero que tudo saia bem para a banda toda. Só assim eu poderei ser considerada uma superstar.

Ainda sobre mulheres, você gosta do estilo de Kate Bush, Enya e Loreena McKennitt?
Liv: Gosto muito. Na semana passada eu comprei um Best Of da Kate Bush. Na verdade essa foi a segunda vez que comprei esse CD. Eu escutei tantas vezes, mas tantas vezes, que estragou e eu tive que comprar outro. Acho que isso responde sua pergunta com relação a Kate Bush (risos). O estilo celta de Loreena McKennitt é algo fenomenal e especial para mim. Quando eu a ouço, sinto muitas e diferentes emoções, pois esse tipo de música tem ligação com a natureza e diferentes culturas.

Como você analisaria esta drástica mudança no estilo da banda dos trabalhos anterior, incluindo o Aégis, para o Assembly?
Liv: É difícil definir isso. Para mim o Aégis é um Gothic Metal melódico com vocais femininos. O Musique e o Assembly são bem mais difíceis de definir com exatidão. Para falar a verdade nos colocamos o nome do álbum de Musique porque não conseguimos definir como estava o estilo da banda naquela época. E isso também aconteceu com Assembly, que teve este título porque é como se fosse uma união de vários elementos, do Pop, Rock, Gótico, Metal, Dance e Clássico.

Mas algumas músicas do Assembly poderiam ser tocadas em danceterias, concorda?
Liv: Não me importo nem um pouco que tipo de pessoa está ouvindo nosso álbum e nem onde ele pode ser tocado ou apresentado para o público. Se uma pessoa conseguir ou for dançar uma de nossas músicas ficarei contente. Música foi feita para expressar suas emoções e é por isso que não ligaria de ver alguém dançando com nosso som.

Assembly traz uma grande massa de efeitos e muitos elementos eletrônicos. Quem é o principal compositor da banda atualmente, o tecladista Lorentz Aspen?
Liv: Não é Lorentz Aspen. Ele tem um papel fundamental em todas as músicas, mas que mais compõe é Raymond. Ele tem seu home-studio e produz tudo. Daí os outros se juntam a ele em seu estúdio e finalizam as músicas. Como atualmente moro na Alemanha e eles na Noruega, costumo pegar o material pronto ou então ficamos discutindo pela Internet. Essa nova tecnologia nos permite isso, o que é muito mais fácil do que ter que pegar um avião para resolver pequenos problemas ou sanar algumas dúvidas. Só que Assembly também foi um marco para mim, porque foi a primeira vez que escrevi todas as letras, já que Raymond não estava com tempo disponível. Sempre quis isso e desta vez consegui.

Como foi a resposta dos fãs de Metal ao álbum Musique? Você acredita que eles irão aceitar o Assembly?
Liv: Eu diria que a metade dos que ouviram gostaram do Musique e a receptividade do Assembly está sendo melhor. Os fãs de Metal foram os mais críticos e em nosso site existem muitos fãs discutindo exatamente sobre nossos dois últimos álbuns. Acho que é uma boa marca e cada um tem sua própria opinião. Quando vamos fazer um álbum não marcamos uma reunião antes só para resolver como vamos soar. Não é nada premeditado. Não existe o papo de: “Será que a gravadora gostará de ouvir isso?”, ou então “Como vamos fazer um som para ganhar mais dinheiro?”. Queremos fazer o melhor tipo de arte possível. Música é arte! O que fizemos nos dois últimos álbuns foi criar algo diferente. É como trabalha um pintor, ele nunca pinta a mesma coisa duas vezes.

Qual o seu grande sonho pessoal? Você já se imaginou cantando junto com Ozzy Osbourne ou até mesmo com sua irmã menor, Carmen Elise?
Liv: Isto seria muito legal. É claro que eu gostaria de cantar com Ozzy, pois o meu pai é o maior fã dele do planeta (risos). E cantar com minha irmã seria muito interessante porque ela é uma vocalista fantástica. Ela estuda música e espero que ela venha para a Alemanha morar comigo e assim poderemos viabilizar este dueto. Meu sonho pessoal seria cantar com Enya, mas acho que nunca será realizado. Esse é um dos meus maiores sonhos.

Mas você não pretende mais lançar álbuns solo?
Liv: Nem sempre as coisas acontecem como queremos. Às vezes esse meio é uma merda, injusto. Tivemos problemas contratuais em minha carreira solo e só poderei pensar em alguma coisa depois de resolver tudo com a gravadora. Quando fico pensando muito nisso chego a chorar. Faz mais de três anos que estou querendo lançar um novo álbum solo.

Entrevista publicada na edição #39 da revista ROADIE CREW (abril de 2002)

2 comentários:

  1. Sem palavras para as mudanças que ouveram no Theatre, foram todas para pior desde do estilo musical ao modo dela cantar.

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