sábado, 13 de fevereiro de 2010

Black Sabbath: primeira obra do Heavy Metal chega aos 40 anos

No post de 23 de novembro de 2008 ("Volume 4: a descoberta") falei sobre o meu primeiro contato com o Black Sabbath e, por consequência, com o Heavy Metal. Sendo assim, esta data não poderia passar em branco pois, curiosamente, aos 40 anos de idade vejo o primeiro álbum lançado por Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward também chegar a esta marca. Em sentido amplo, o Heavy Metal faz quarenta anos hoje: 13 de fevereiro de 2010.

Alguns estarão curtindo o feriadão de Carnaval, mas fiquemos aqui reverenciando esta obra fantástica e misteriosa, que serviu de referência para todos os seguidores da música pesada. Abaixo, reproduzo o texto publicado na edição #100 da revista ROADIE CREW sobre o álbum "Black Sabbath".

Sexta-feira chuvosa, dia 13 de fevereiro de 1970. A noite cai e os vestígios da escuridão se amoldam às árvores escurecidas. A longa noite macabra se inicia. Ainda perto da lagoa uma jovem garota espera. Ainda que ela acredite ser ela mesma etérea, sorri tenebrosamente ao tocar de sinos distantes. De repente, um calafrio da cabeça aos pés. O que é isso que se levanta à minha frente? Um vulto preto que aponta para mim. Viro rapidamente e começo a correr. Descobri que sou o escolhido. E a chuva continua caindo...

Sob este contexto, com uma proposta macabra e soturna, o Black Sabbath gravou seu álbum de estreia. Tendo uma mesa de quatro canais à disposição no Regent Sound Studios – localizado na Tottenham Court Road, em Londres (ING) – e com 600 libras inglesas para gastar, Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward montaram seus equipamentos como se fossem fazer um show. Os músicos, que àquela altura faziam shows seguidos mas tinham pouca, ou quase nenhuma, experiência de estúdio, gravaram o álbum ao vivo e em poucos takes.

O produtor Rodger (Roger) Bain também estava fazendo seu 'batismo de fogo', sendo esta a primeira experiência para uma grande empresa fonográfica. As composições não foram mexidas, mas os efeitos (sino, trovão, chuva, entre outros) foram sugeridos por Rodger e pelos engenheiros de som, Tom Allom e Barry Sheffield. Todos realmente entraram no clima naqueles três dias - 16 a 19 de outubro de 1969 – e Rodger ainda gravou a harpa judaica ('kakei') da faixa "Sleeping Village".

"Black Sabbath" resumiu-se a sete faixas (oito no relançamento em CD), todas envolventes. O disco abre com pesada e cadenciada faixa título, tendo um clima condizente com a proposta sombria. O track list ainda traz "The Wizard", "Behind The Wall Of Sleep", "N.I.B.", "Evil Woman" (cover da banda Crow), Sleeping Village, Warning (cover do Ansley Dunbar's Retaliation) e "Wicked World".

O trabalho veio embalado com uma misteriosa arte – comandada pelo artista Marcus Keef –, que na primeira (e rara) edição ainda trouxe o desenho de uma cruz invertida no encarte com os dados técnicos e o poema "Still Falls The Rain" inscrito no corpo da cruz.

Para a promoção, o empresário Jim Simpson e os funcionários da gravadora Vertigo decidiram lançar um compacto com "Evil Woman" e "Wicked World". Enquanto o Lado B com "Wicked World" fez sucesso, "Evil Woman" foi renegada pelo quarteto.

"Black Sabbath" alcançou o 8º lugar nas paradas do Reino Unido e a 23ª na Alemanha, mas a obra foi além, sendo o marco zero do que viria a ser classificado como Heavy Metal.

Curiosidades:
A casa de aparência mal assombrada que aparece na capa é um moinho histórico que se localiza na vila de Mapledurham, em Oxfordshire/ING (www.mapledurham.co.uk). A imagem da "bruxa", no entanto, ninguém sabe ao certo e cogita-se que teria sido uma atriz contratada para a sessão de fotos;

Na contracapa do LP, Ozzy veio impresso como Ossie Osbourne;

"N.I.B." não significa "Nativity In Black" e nem "Name In Blood". O título faz referência ao apelido dado a Bill Ward por causa de sua barba, que parecia uma ponta de caneta ('pen nib');

"Behind The Wall Of Sleep" tem ligação com a obra de H.P. Lovecraft ("Beyond The Wall Of Sleep);

A gaita tocada por Ozzy em "The Wizard "foi incluída durante as sessões de estúdio por acaso, após Iommi e Butler terem o escutado tocando-a de forma descontraída, como fazia nas longas jams desde os tempos em que atendiam pelo nome Earth;

A reação do pai de Ozzy, John Thomas Osbourne, ao ouvir o LP foi: "Você tem certeza que só anda fumando cigarro?", e ele ainda fez uma cruz de alumínio e uma corrente de pescoço para Ozzy, Iommi, Ward e Butler "para afastar os maus espíritos";

No local onde ficava o Regent Sound Studios hoje existe uma agência do Abbey Bank.

3 comentários:

  1. O albúm mais importante da história do metal!!!!!!

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  2. Ao ler todo esse texto fiquei ainda mais orgulhoso de adorar o metal.
    Cara, imagina o impacto que essa obra não teve na época?!

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  3. cara, eu nasci no mesmo dia que o heavy metal \m/ O.o \m/

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