terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Arquivo Entrevista: THOMAS YOUNGBLOOD (Kamelot)

A banda norte-americana Kamelot, formada atualmente por Thomas Youngblood (guitarra), Roy Khan (vocal), Casey Grillo (bateria) e Glenn Barry (baixo), chega a seu 10º ano de vida com o lançamento do álbum "Karma", sexto da carreira. Formada em Tampa, Flórida (EUA) em 1991, a banda gravou os dois primeiros trabalhos, "Eternity" (1995) e "Dominion" (1996), com o vocalista Mark Vanderbilt e o baterista Richard Warner, que foram substituídos pelos atuais integrantes em 1997. Depois, a carreira começou efetivamente a deslanchar com o lançamento dos álbuns "Siége Perilous" (1998), "The Fourth Legacy" (2000) e "The Expedition" (2000, ao vivo). Após meses trabalhando no Gate Studio, em Wolfsburg (ALE), ao lado de Sascha Paeth e Miro, a banda conseguiu um resultado fantástico com o novo trabalho, "Karma", lançado pela Noise Records em conjunto com a Sanctuary, parceria que promete levar a banda a vôos mais altos. Quem nos dá os detalhes é o líder Thomas Youngblood.

"Karma" conta com uma produção superior aos outros trabalhos desde a entrada de Roy Khan. Desta vez vocês tiveram mais tempo e auxílio da parceria entre a Noise Records e o Sanctuary Group para conseguir um resultado melhor?
Thomas Youngblood: É verdade, tivemos muito mais tempo para produzir este álbum, tanto nas gravações como na mixagem. O processo de composição de todo o material demorou cerca de três meses. Ficamos dois meses na Alemanha para gravá-lo e Sascha teve duas semanas para mixá-lo. Foi muito bom porque pudemos ter um contato maior com Sascha e Miro, o que facilitou  muito na hora de gravar o álbum. Eles já tinham noção do que queríamos e nós tínhamos abertura para discutir o planejamento em estúdio. Quanto à outra pergunta, não houve nenhum tipo de diferença marcante com esta parceria porque tudo sai do escritório central da Noise na Alemanha. O que certamente será vantajoso para nós será com relação aos shows e turnês, porque teremos a oportunidade de dividir o palco com as outras bandas do grupo Sanctuary.

No álbum "The Fourth Legacy" vocês já haviam trabalhado com Sascha Paeth e Miro. Seguindo esta linha, vocês compuseram o novo trabalho pensando no que poderia ser melhorado com o auxílio deles no Gate Studio, em Wolfsburg (ALE)?
Thom: Acredito que tenha sido uma mistura de ambas as coisas. Compusemos as músicas da mesma forma que fizemos para o "The Fourth Legacy", mas algumas partes das músicas tiveram o auxílio direto de Sascha e Miro, especialmente os arranjos de cordas. Miro tem uma grande facilidade para compor temas nos teclados e arranjos orquestrados, fato que nos ajudou muito quando estávamos no estúdio, pois desta vez ele foi muito mais que um engenheiro de som.

Então Sascha e Miro tiveram liberdade para opinar sobre o que poderia ser melhorado nas composições?
Thom: Sim, toda a vez que uma idéia é boa não existe razão para simplesmente descartá-la. Eles deram o complemento que algumas músicas precisavam, quero dizer, a idéia básica estava lá e eles apenas criaram um algo mais. Em "Karma", Miro escreveu a introdução do álbum e também a melodia da faixa-título.

Vocês vivem nos Estados Unidos e Roy Khan na Noruega. Isto não dificulta o processo de composição e os ensaios para as turnês?
Thom: É difícil, mas não encontramos maneira melhor. É uma ‘ponte área’ Estados Unidos e Noruega, com parada obrigatória na Alemanha (risos). Isto funciona bem, porque temos que nos concentrar somente em nosso trabalho quando estamos juntos e as idéias vão fluindo com mais rapidez e naturalidade.

Mesmo tendo gravado o primeiro álbum somente em 1995, "Karma" marca o décimo ano de carreira da banda. Você acredita que o cenário mudou muito desde a estréia da banda?
Thom: O cenário do Heavy Metal está crescendo e quando olho para trás sinto que estes dez anos se passaram rapidamente. A carreira do Kamelot teve um grande impulso a partir do álbum Siége Perilous porque não tivemos mais trocas de integrantes. Atingimos um melhor nível nas composições e na produção dos álbuns.

Então você concorda que o Kamelot atual seja bem diferente do início, duas bandas distintas?
Thom: Não há como negar isto. Mas toda vez que componho sinto alguma similaridade com o passado, mas é certo que a banda pode ser dividida em fases distintas, antes e depois de "Siége Perilous". Sinto que as mudanças na formação foram muito importantes para o prosseguimento de nossa carreira e acho que se não tivesse acontecido não sei se estaríamos na ativa até hoje.

O Kamelot tem uma influência clássica aparente na sonoridade, mas vocês trabalham tendo o Metal como base. Você concorda que atualmente muitas bandas estão fazendo o contrário, ou seja, têm a Música Clássica como base e fogem um pouco do espírito do Heavy Metal?
Thom: Bandas como o Rhapsody usam a estrutura da Música Clássica como base. No Kamelot trabalhamos de forma diferente, a estrutura é mesmo o Heavy Metal, mas além das citações clássicas estamos abertos a vários outros tipos de elementos, como, por exemplo, da música celta. Gostamos de diversificar o estilo e você pode perceber bem isto nos álbuns "The Fourth Legacy" e "Karma".

Outra coisa que pode ser facilmente notada em "Karma" é a melhora na performance do baterista Casey Grillo. Além de estar tocando muito bem, ele escolheu um timbre melhor em comparação aos trabalhos anteriores!
Thom: Certamente, a parte de bateria ficou bem diversificada, intensa e houve uma conexão marcante com o baixo. Casey Grillo faz um trabalho fantástico tanto ao vivo como em estúdio. Desta vez ele matou suas partes em pouco tempo e com muita criatividade. Não diria que criou algo mais difícil, mas soube explorar bem os andamentos. 

Falando sobre as músicas do novo álbum, se um single for lançado, qual faixa você escolherá primeiro, "Wings Of Despair", "The Spell", "Karma" ou "The Light Shine on You"?
Thom: A melhor escolha para um single seria "Wings Of Despair" mas para o mercado americano escolheria "The Spell". Na verdade, este álbum tem umas três ou quatro músicas que caberiam perfeitamente para um single.

Qual a razão para a escolha do título "Karma"? Você acredita que cada pessoa tem um diferente carma?
Thom: Nós costumamos trabalhar com temas fantasiosos, históricos, religiosos e espirituais. Para ser honesto, o título veio de um sentimento da lei universal de que se você vive a vida de uma forma positiva, vai crescer e só terá a ganhar com isto. Não é onde a estrada termina que importa, mas sim a sua viagem até chegar ao final dela. Se fizer o bem, ele voltará a você. Se fizer o mal, acontecerá o mesmo, pois o que conta é sua intenção. Queríamos incorporar esta idéia ao álbum, que mesmo não sendo um trabalho conceitual, representa os dois lados, o bem e o mal.

Como foi a vendagem do álbum "The Expediction"? Em quais países obteve melhor resultado?
Thom: Nos Estados Unidos foi bem, se levarmos em conta que não fazemos turnês por aqui. Na Alemanha e Grécia também sei que foi bem. No Brasil não posso dizer, sei que temos muitos fãs por ai, mas as vendas são uma incógnita. Sei que temos uma grande receptividade de fãs no Brasil e que é um público crescente, mas gostaríamos mesmo de testar isto fazendo uma turnê por ai.

O que você sabe sobre o mercado brasileiro?
Thom: Toda a vez que tento saber quantos discos vendemos no Brasil ninguém sabe nos informar. Sei que existem muitos fãs de Heavy Metal porque as bandas que já tocaram por ai comentam a respeito, como por exemplo o Stratovarius e Gamma Ray. Gostaríamos de ter a mesma oportunidade.

Como foi o show no festival “Gods Of Metal” na Itália?
Thom: Foi muito legal tocar para 12 mil pessoas. O público agitou do começo ao fim do show e nos apoiou muito. Sentimos que cumprimos nosso papel e foi uma grande oportunidade para nós tocar para tanta gente. Faremos outros festivais, o “Bang Your Head” na Alemanha, o “Rock Machina” na Espanha e o “Wacken”. 

Pensei que a participação no “Wacken” tinha sido cancelada?
Thom: Faltam apenas alguns detalhes, mas diria que as chances de estarmos tocando no “Wacken” são de 99%.

Vocês planejam fazer uma turnê pelos Estados Unidos?
Thom: Fomos convidados para fazer uma turnê com o Hammerfall, mas preferimos aguardar mais um pouco porque queremos fazer uma com o nosso próprio show. Nós fizemos um show no dia 2 de junho em Tampa (EUA) com Rob Rock e a banda Section 9. Tocaremos como ‘headliners’ em Atlanta (EUA), no festival “PowerProg” em novembro.

Acredito que a banda brasileira Shaman também tocará neste festival.
Thom: Será muito bom. Conheci o Andre Matos em Wolfsburg (ALE) e ele é uma pessoa bem legal e um grande talento. Este festival contará com outras bandas muito boas legais como o Symphony X, Superior, Evergrey, Ark e Vanden Plas.

Entrevista publicada na edição #31 da revista ROADIE CREW (julho de 2001)

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